O filme chamava-se "Jerry Maguire", o nome da personagem principal, um agente caído em desgraça interpretado por Tom Cruise. Cuba Gooding Jr. era um talentoso e problemático jogador de futebol e o seu único cliente, com um "show me the money" na ponta da língua que se tornou parte da cultura popular.
Não é para todos: Cuba Gooding Jr. tirou brilho a Tom Cruise no auge da sua carreira, ganhou o Óscar de Ator Secundário e fez um discurso épico na cerimónia. Tinha 28 anos e a carreira ia disparar. Estava destinado a ser o próximo Denzel Washington.
Só que, após alguns filmes, o ator começou a fazer em coisas chamadas "Herança Canina" e "O Barco do Amor". A seguir foi ainda pior: a partir de 2005, fez 17 filmes que nem passaram pelas salas de cinema, seguiram logo para vídeo, o que é "meio caminho andado" para o esquecimento em Hollywood.
Numa entrevista ao The Guardian, o ator, agora com 50 anos, explica o que levou à queda.
Durante a rodagem de "Jerry Maguire", Cameron Crowe aconselhou-o a trabalhar só com bons realizadores, mas ele rejeitou propostas de vários importantes: Steven Spielberg (para o papel que foi para Djimon Hounsou em "Amistad"), Michael Mann (a personagem de Jamie Foxx em "Collateral"), Terry George ("Hotel Rwanda", que foi para Don Cheadle). E Taylor Hackford queria-o para "Ray", o "biopic" sobre Ray Charles que valeu o Óscar a Jamie Foxx.
Durante a entrevista, recordou-se ainda de outra rejeição que poucos sabiam: o papel de Idi Amin em "O Último Rei da Escócia", com o qual Forrest Whittaker também ganhou uma estatueta. Justificação: era o vilão.
"Tive todos estes grandes realizadores a oferecerem-me personagens e li os seus argumentos e disse 'Acho que este papel não é indicado para mim'. E o que acontece é que se ofendemos um número suficiente de grandes realizadores, somos retirados das suas listas", explicou.
O período deixou-o falido e o panorama só começou a mudar quando começou a seguir o conselho de Crowe, principalmente com a minissérie "American Crime Story: The People V. OJ Simpson ". Era precisamente OJ Simpson... o vilão.
Durante "dez anos no deserto", como define o período, Cuba Gooding Jr. admite que fez filmes maus, mas nem sequer foi pelo dinheiro: "Para mim foi sempre proteger a santidade dessa estatueta dourada... porque senti que precisava de mostrar às pessoas que posso fazer mais, que posso fazer melhor".
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