Johnny Depp reagiu esta quarta-feira contra anos de imprensa negativa, dizendo no Festival de Cinema de Cannes que a maioria das histórias que as pessoas têm lido sobre ele "nestes últimos cinco, seis anos" eram "ficção fantástica horrivelmente escrita".

Falando aos jornalistas um dia após a estreia do seu novo filme, "Jeanne du Barry", na noite de abertura do festival, o ator disse que não se importava de ser boicotado por Hollywood.

"Se eu me sinto boicotado agora? Não, de todo. Não me sinto boicotado por Hollywood porque não penso em Hollywood. Não preciso muito mais de Hollywood", disse o ator em resposta a uma pergunta.

Num comentário oblíquo à cultura do cancelamento, acrescentou: "Vivemos tempos muito estranhos. Desejo o melhor para aqueles que querem viver assim. Não contem comigo".

Johnny Depp e a realizadora Maiwenn na conferência de imprensa

Depp perdeu o papel como o vilão Grindelwald em "Monstros Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" a "pedido" do estúdio" após um juiz britânico ter decidido que a acusação de ser um "marido violento" num artigo do tablóide britânico The Sun era "substancialmente verdadeiro", num processo relacionado com violência doméstica onde admitiu problemas com álcool e drogas, e em que testemunhou a sua ex-esposa Amber Heard.

"Jeanne du Barry", em que Depp interpreta o rei francês Luís XV, que se apaixonou por uma prostituta, foi aplaudido de pé durante sete minutos, como é costume nas estreias de filmes da noite.

Depp recebeu calorosas boas-vindas dos fãs na passadeira vermelha, tirando 'selfies' e dando autógrafos, chorando durante a ovação no final.

Mas também houve críticas generalizadas 'online' de apoiantes de Heard. A jornalista Eve Barlow, amiga da atriz, acusou Cannes de ter um "histórico (de) apoio a violadores e agressores".

Depp ganhou um julgamento por difamação contra Heard no ano passado, mas continua a ser uma figura tóxica para muitos.

O ator de 59 anos descartou os anos de cobertura dos jornais como "coisas que se enfiam nos sapatos ou forra-se a gaiola do papagaio".

As críticas ao filme em si foram díspares, com o The Guardian dizendo que Depp teve uma atuação "peculiar".

Depp fala sempre em francês e disse que ficou surpreendido quando a realizadora Maiwenn, que também interpreta o papel principal, o convidou para participar.

"Achei muito corajoso da parte dela escolher um campónio do Kentucky como Luís XV", disse Depp, que vive a maior parte do ano na França.

Maiwenn, que enfrenta um processo criminal depois de agarrar o cabelo de um jornalista parisiense e cuspir na sua cara, disse que não teve dúvidas sobre a escolha de Depp para o papel.

"Era alguém que eu tinha de beijar, portanto preferi ter um ator sexy", disse aos jornalistas.

"E ele sabia muito sobre a história da França. Ele sabia muito mais do que eu sobre Luís XV", notou.