O ator, de 48 anos, foi encontrado dentro de um veículo, num parque no centro de Seul, com um briquete de carvão aceso ao seu lado, disse a Yonhap, que citou a polícia.

A morte do ator foi também confirmada pelos serviços de emergência médica sul-coreanos, depois de a polícia ter indicado, antes, que Lee tinha sido encontrado inconsciente, inicialmente sem especificar o local.

Segundo outra fonte policial, citada pela agência sul-coreana de notícias Yonhap, Lee deixou um "bilhete que parece um testamento".

Lee Sun-kyun estava a ser investigado pela polícia por suspeita de consumo de canábis e outras drogas psicotrópicas.

O escândalo manchou a imagem de ator de sucesso no país, privando-o de trabalhos na televisão e de contratos publicitários, de acordo com vários meios de comunicação sul-coreanos.

Os 'media' sul-coreanos, incluindo a Yonhap, acrescentaram que a polícia andava à procura de Lee depois de a família ter comunicado que o ator tinha saído de casa e deixado uma mensagem semelhante a uma nota de suicídio.

Mais conhecido internacionalmente pelo filme "Parasitas", no qual interpretou o chefe de uma família rica, Lee conquistou, em 2021, um prémio do Screen Actors Guild atribuído ao "elenco de um filme".

Foi nomeado para o prémio de melhor ator nos International Emmy Awards pelo desempenho no 'thriller' de ficção científica "Dr. Brain" no ano passado.

Figura familiar nos ecrãs sul-coreanos durante décadas antes de alcançar fama no estrangeiro com "Parasitas", Lee atuou em séries populares como "Coffee Prince (2007)", "Behind The White Tower", "Pasta (2010)" e My Mister (2018)".

Interrogatório de 19 horas

Lee Sun-kyun com Cho Yeo-jeong em 'Parasitas'

Antes reconhecido pela sua imagem saudável, o ator começou a ser dispensado de projetos de televisão e anúncios de publicidade após o escândalo com as drogas, segundo a imprensa sul-coreana.

Nos dias 23 e 24 de dezembro, a polícia submeteu Lee a um terceiro interrogatório, que durou 19 horas, informou a agência Yonhap.

Em outubro, ele falou rapidamente com a imprensa antes de entrar na esquadra de Incheon para conversar com os investigadores.

"Peço sinceras desculpas por causar grande deceção a muitas pessoas por estar envolvido num incidente tão desagradável", disse na ocasião sobre a investigação.

"Lamento muito pela minha família, que está a enfrentar uma dor tão difícil neste momento", acrescentou.

Lee era suspeito de consumir drogas ilícitas na residência da funcionária de um bar sofisticado no badalado bairro de Gangnam, em Seul.

O ator alegou ter sido "enganado" pela funcionária para consumir as drogas e que não tinha conhecimento do caráter ilegal das substâncias, segundo a Yonhap.

Formado na prestigiada Universidade Nacional de Artes da Coreia, Lee estreou-se como ator na série de televisão de comédia "Lovers", em 2001.

Ao longo da carreiro foi muito elogiado por vários papéis, incluindo o de um chef carismático e um neurocientista genial que é incapaz de ter empatia.

Lee foi aclamado pela crítica pelo seu papel na série de TV "My Mister", na qual interpretou um arquiteto que enfrentava turbulências pessoais ao descobrir que é traído pela esposa.

No cenário internacional, ficou conhecido por interpretar o patriarca rico e superficial em "Parasitas", vencedor do Óscar de Melhor Filme em 2019 e da Palma de Ouro em Cannes.

O seu filme mais recente, "Sleep", de Jason Yu, no qual interpreta um marido sonâmbulo que aterroriza a esposa, foi exibido fora de competição no Festival de Cannes em 2023, na mostra "Semana da Crítica".

Lee era casado com a atriz Jeon Hye-jin, com quem teve dois filhos.

Fãs emocionados expressaram tristeza nas redes sociais. "Ri e chorei muito ao assistir às suas interpretações. Obrigado", escreveu um deles na rede social X, antigo Twitter.

A famosa escritora Min Jin Lee expressou condolências: "Lee foi digno de elogios em 'Parasitas' e excecional em 'My Mister'", escreveu no Instagram. "Que ele seja lembrado pelo seu excelente trabalho e dons criativos".

A Coreia do Sul tem leis drásticas contra o uso de drogas ilícitas que permitem processar, inclusive, os cidadãos do país que as consomem no exterior quando regressam ao país.

Várias personalidades do mundo da cultura sul-coreana foram obrigadas a dar explicações à polícia nos últimos meses por suspeitas de consumo.

O presidente Yoon Suk Yeol pede com frequência a adoção de medidas ainda mais rigorosas para lutar contra o tráfico de drogas, num país onde a venda de canábis pode ser punida com pena de prisão perpétua.