A curta-metragem «O Velho do Restelo», a última obra de Oliveira estreou no dia em que o realizador completou 106 anos.

«O Velho do Restelo» é descrito pelo ator Ricardo Trêpa como a visão de Manoel de Oliveira dos «tempos que correm - que não são famosos -, através de escritos antigos e feitos de grandes figuras da cultura portuguesa e não só».

Da parte da produtora O Som e a Fúria, Luís Urbano, que mobilizou os recursos para a rodagem da obra, afirmou que a receção ao filme no circuito de festivais foi «entusiástica» e que tem havido conversas sobre futuros projetos, dependentes «da disponibilidade física e de saúde» de Manoel de Oliveira, admitindo que, com o realizador, «tudo é possível».

Ricardo Trêpa, neto de Manoel de Oliveira, realçou o ânimo do realizador, sublinhando que «a saúde, para ele, não é uma barreira». «Até partir, assim será o raciocínio dele. Sempre foi um lutador. Não é agora que vai desistir de uma máxima de vida que é «eu quero e hei de conseguir». Vai até ao fim acreditar que vai fazer mais filmes».

A curta-metragem é descrita pela produtora como «um mergulho livre e sem esperança na História», reunindo, num banco do século XXI, «Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco», a partir, precisamente, de um texto de Pascoaes.

O filme baseia-se em partes do livro «O Penitente», de Teixeira de Pascoaes, tem argumento do cineasta e teve estreia internacional no Festival de Veneza, onde foi exibido fora de competição, em setembro.

Numa entrevista publicada pela revista norte-americana Variety, Manoel de Oliveira disse que «O Velho do Restelo» é uma «reflexão acerca da humanidade».