“Hacksaw Ridge”, um filme com Andrew Garfield sobre Desmond T. Doss, objetor de consciência que se recusou a pegar em armas durante a Segunda Guerra Mundial mas acabou condecorado por salvar a vida de 75 camaradas, passou no Festival de Veneza e está a ser celebrado como o grande "regresso" de Mel Gibson como realizador: a ovação em pé durou 10 minutos.

Muito solicitado para entrevistas, uma declaração de Gibson está a destacar-se pela sua brutal honestidade e não tem nada a ver com o seu passado conturbado: a de que "Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça" é "a piece of s***" [literalmente "uma m****"]

O 'blockbuster' da DC Comics feito por Zack Snyder tem muitos detratores, mas é invulgar ver alguém de tão grande perfil de Hollywood referir-se nestes termos a outro filme, mesmo sendo uma estrela que nos últimos 10 anos manteve um perfil mais discreto por causa de vários escândalos pessoais.

A opinião surgiu quando, numa entrevista ao Deadline Hollywood, se abordou o estado atual da indústria cinematográfica, tão dependente dos filmes de grande orçamento.

Gibson confirmou que o seu último filme, "Apocalypto” (2006) custou 30 milhões de dólares antes de admitir que não acredita que se justifica que os atuais 'blockbusters' custem mais de 200 milhões.

"Olho para eles e coço a cabeça. Fico realmente confuso. Acho que existe muito desperdício, mas talvez se fizesse uma dessas coisas com ecrãs verdes ficasse a pensar de forma diferente. Não sei. Talvez custem tanto. Não sei. Parece-me que podiam ser feitos por menos. (...) Estão-se a gastar quantias ultrajantes. 180 milhões ou mais. Não sei como é que se recupera [o investimento] depois dos impostos e dar metade às salas de cinema. Quanto é que estão a admitir que gastaram em 'Batman v Super-Homem'?"

Ao ouvir 250 milhões, sem contar com o marketing, a resposta da estrela foi: "E é uma m****".

"Não estou interessado no material", antes de proclamar que os superheróis a sério "não usam "lycra".

Mas "a lycra deve custar muito dinheiro", concluiu.