Oliwia Dabrowska tinha três anos quando entrou em "A Lista de Schindler" e protagonizou um momento breve, mas inesquecível da história do cinema: ela era a "menina do casaco vermelho", a única cor no clássico a preto e branco de 1993 realizado por Steven Spielberg.

No filme, ela caminhava sozinha entre a multidão aterrorizada durante a liquidação do gueto de Cracóvia e chamava a atenção de Oskar Schindler (Liam Neeson) antes de entrar num prédio e se esconder debaixo de uma cama.

RECORDE A CENA DO FILME.

Mais tarde, o industrial reconhecia o casaco vermelho numa carroça a transportar corpos para serem queimados quando a Alemanha está a perder a guerra e os nazis querem eliminar as provas dos seus crimes. Após testemunhar isto, decidir ajudar os judeus e elaborar a lista que salvará mais de 1200 dos campos de concentração e da morte.

Vinte e nove anos depois, Oliwia Dabrowska está a testemunhar o impacto humano das tragédias provocadas pela guerra e perseguição retratadas no filme e simbolizadas pela sua personagem.

A 9 de março, a antiga atriz e atual 'copywriter' partilhou uma recriação artística da sua cena com as cores azul e amarela, as da bandeira da Ucrânia, escrevendo "Ela sempre foi o símbolo da esperança. Deixem-na ser de novo".

Nos dias que se seguiram, ela e a sua mãe deslocaram-se para a linha da frente do apoio aos refugiados da Ucrânia que chegam à fronteira da Polónia, integrando um grupo de voluntários que os ajuda no transporte para Cracóvia e outras cidades, e a encontrar um lugar para ficarem.

Nas redes sociais, tem deixado apelos e relatos do que tem observado: "Cada poucochinho ajuda: precisamos de doações materiais e financeiras, também se podem voluntariar para ajudar pessoalmente. A situação é dramática; também sou voluntária aqui, na fronteira, e vi com os meus próprios olhos".

Num vídeo no Instagram, contava: "Farei tudo o que puder, nunca esquecerei estas pessoas, estes rostos, estes olhos, nunca esquecerei o que vi. Não se consegue estar preparado para isto, apenas se pode imaginar que haverá pessoas a sofrer, crianças, idosos, doentes".

Oliwia Dabrowska também destacava que não se ouvem gritos ou choro na fronteira, apenas o silêncio: "Eles gritam por dentro e é isso que eu não posso esquecer. E se precisar de fazer isto como a menina de casaco vermelho, assim seja".