“O filme termina com o que eu considero um momento dramático de desespero que era necessário”, afirmou o realizador, na sala de entrevistas dos bastidores dos Óscares onde a Lusa esteve presente.

“Mas, na realidade, não penso que o desespero seja a resposta à questão nuclear”, considerou. “Se olharmos para o trabalho de não-proliferação feito por organizações e indivíduos desde 1945, houve uma redução do número de armas nucleares no planeta de quase 90% desde 1967”.

O cineasta considerou que o problema tem ido na direção errada nos últimos anos e “é importante que, em vez de desespero, as pessoas estejam a olhar para o ativismo e pressão para reduzir o número de armas nucleares e tornar o mundo mais seguro”.

“Oppenheimer” era o favorito à vitória e, de 13 nomeações, saiu do Dolby Theatre com sete estatuetas, incluindo as mais importantes: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Ator (Cillian Murphy) e Melhor Ator Secundário (Robert Downey Jr.).

Christopher Nolan disse que não gosta de falar de mensagens específicas nos seus filmes, porque sente que se o cinema for didático tende a não funcionar tão bem dramaticamente. Mas a resposta das audiências “foi marcante”, em especial porque atraiu um público jovem que não tinha a questão das armas nucleares como uma preocupação até agora.

“Quando fazemos um filme em larga escala, temos de acreditar que há um público para ele”, disse. “Mas a resposta das pessoas em todo o mundo excedeu em muito o que eu pensava ser possível”.

O realizador apareceu na sala de entrevistas com uma estatueta em cada mão e gracejou sobre servirem de pesos para treinar os bíceps, por serem pesadas.

“É a emoção mais incrível. Ganhar este reconhecimento é a cereja em cima do bolo”, afirmou. “É muito importante para mim, um final maravilhoso para um ano incrível”.

“Oppenheimer” venceu também os óscares de Melhor Fotografia, Melhor Banda Sonora Original e Melhor Montagem.