"‘Juror No. 2’ pode ser o último filme de Clint Eastwood - então, por que razão está a Warner Bros. a enterrá-lo", pergunta a Variety num artigo publicado esta quinta-feira.

Segundo a imprensa norte-americana, o 'thriller' sobre um jurado que se apercebe durante um julgamento por homicídio que pode ter causado a morte da vítima e tem de decidir se manipula o júri para se salvar ou entrega-se à justiça, está a ser encarado informalmente como o "último filme" da lenda do cinema, com 94 anos, por pessoas lhe são próximas e a própria Warner Bros, estúdio a que esteve ligado durante a maior parte da sua carreira.

Com talentos bem conhecidos como Nicholas Hoult, Toni Collette, J.K. Simmons, Chris Messina, Zoey Deutch, Cedric Yarbrough e Kiefer Sutherland, o 40.º e potencialmente último filme terá uma antestreia de prestígio no domingo à noite, no encerramento do festival do American Film Festival, com a presença dos atores, mas pouco mais: a revista diz que o estúdio Warner Bros. planeou uma estreia limitada em menos de 50 cinemas nos EUA a partir de 1 de novembro e não tem intenções de expandir nas semanas seguintes, num sinal de aparente falta de confiança nas suas possibilidades nas bilheteiras.

Quatro salas na zona de Nova Iorque, cinco por Los Angeles, uma em Chicago: "Juror #2" (o título efetivo) não está sequer disponível em todas as 25 cidades mais populosas do país, um modelo de distribuição habitual para as produções independentes, antes de aumentarem o número de salas, mas menos para um título de um grande estúdio. Outro sinal invulgar: fontes disseram à revista que a Warner pondera não divulgar os resultados de bilheteira.

Um porta-voz oficial confirmou que “‘Juror #2’ será lançado na América do Norte, Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália e Alemanha com o apoio total da Warner Bros.".

O SAPO Mag questionou sobre a estreia portuguesa a Cinemundo, distribuidora local dos filmes da Warner e esta notícia será atualizada em caso de resposta: o filme não está na agenda de lançamentos nem foi disponibilizado nenhum material, nomeadamente o trailer lançado a 2 de outubro.

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Com um orçamento na ordem dos 30 milhões de dólares, as fontes da Variety também confirmaram que "Juror #2" foi produzido com a intenção de ser lançado em streaming, mas o estúdio mudou para os cinemas depois de vê-lo: a decisão é descrita como "um gesto de gratidão para com Eastwood, que rendeu ao estúdio muitos milhões de dólares nas bilheteiras, bem como vários prémios por filmes como 'Imperdoável' e 'Million Dollar Baby'", numa relação com mais de 50 anos.

Ainda assim, o lançamento "secreto" é descrito pela revista como uma "abordagem peculiar" para um cineasta que ainda tem apelo comercial: há dez anos, "Sniper Americano" foi o maior sucesso da Warner nas bilheteiras americanas, enquanto "Milagre no Rio Hudson" (2016) e "Correio de Drogas" (2018) arrecadaram mais de 100 milhões.

No entanto, o mercado de cinema foi muito afetado pela pandemia da COVID-19 e filmes originais para adultos são vistos pelos estúdios como apostas muito arriscadas para lançar nos cinemas.

Sinal disso mesmo, "Cry Macho - A Redenção" (2021), o filme anterior de Eastwood, foi um fracasso de bilheteira e terá gerado conflitos internamente na Warner: segundo o Wall Street Journal, o então novo presidente executivo David Zaslav terá questionado por que razão foi feito quando existiam dúvidas sobre se podia gerar lucro.

O executivo foi citado a dizer que "Não é show friends, é show business”.