Michael Moore anunciou que rejeita a classificação R atribuída pela Motion Picture Association of America (MPAA) ao seu novo documentário, “Where to Invade Next”.
"Linguagem, algumas imagens violentas, consumo de drogas e breve nudez gráfica" são as razões evocadas pela entidade responsável pela atribuição das classificações etárias aos filmes.
É na parte "consumo de drogas" que entra Portugal: no âmbito do seu filme sobre como outros países ocidentais, onde se incluem ainda por exemplo a França, Itália, Alemanha e Finlândia, lidam de forma diferente com os mesmos problemas sociais e económicos dos EUA, o realizador esteve no nosso país para falar com várias personalidades sobre o decréscimo do consumo de estupefacientes após a lei da descriminalização aprovada em 2001.
De acordo com Moore, a "linguagem" envolve o uso da palavra "fuck" numa manifestação contra o colapso do sistema bancário na Islândia em 2009 e as "imagens violentas" são as da detenção, que se revelaria fatal, de Eric Garner pela polícia, que originou uma vaga de contestação contra a brutalidade policial nos EUA. Já a "breve nudez gráfica" são “dois segundos de alemães nus a entrar num jacuzzi”.
Moore não é estranho a polémicas com a MPAA: "Roger e Eu", o seu primeiro filme sobre as tentativas frustradas para falar com Roger Smith, presidente da General Motors, a propósito das causas para o encerramento de 11 fábricas que davam lucro, também obteve a mesma classificação, num caso que se tornou célebre e colocou em causa o sistema de classificações. O mesmo aconteceu com todos os que fez a seguir, nomeadamente "Bowling for Columbine" (Óscar de Melhor Documentário de 2002) e "Fahrenheit 9/11" (2004).
"É espantoso como 25 anos se passaram — inventámos a Internet, o casamento entre pessoas do mesmo sexo está legalizado e elegemos um afro-americano Presidente dos Estados Unidos, mas a MPAA ainda pretende censurar imagens que estão disponíveis em qualquer noticiário de horário nobre.", comentou o realizador em comunicado.
Este filme tem sido bastante aclamado pelos críticos pelo seu fervor, humor e otimismo. Que é a verdadeira razão para continuar a receber estas classificações R. Gostava que a MPAA simplesmente fosse honesta e espetasse uma etiqueta nos meus filmes dizendo: 'Este filme contém ideias perigosas que os 99% podem considerar perturbadoras e levá-los a revoltar-se. Os adolescentes serão os mais agitados quando descobrirem que em breve estarão 80 mil dólares endividados simplesmente por irem para a escola.'”.
A mesma ideia está presente na declaração dos distribuidores do filme.
"Com esta classificação, a MPAA está efetivamente a dizer aos estudantes de liceu que eles simplesmente não têm maturidade suficiente para lidar ou discutir temas importantes que afetam diretamente a sua busca do sonho americano. A ideia de que um adolescente não pode ir a uma sala e ver ‘Where to Invade Next’ é ridícula e, francamente, anti-americana."
"Where to Invade Next” estreia nos EUA a 23 de dezembro, mas se não tiver classificação a viabilidade comercial fica em causa uma vez que vários cinemas recusam a exibição de filmes nessas circunstâncias.
Veja o trailer.
Comentários