"O Pintassilgo", o novo filme protagonizado por Nicole Kidman, que retrata um ataque terrorista num museu de Nova Iorque, evoca traumas e paralelos incómodos com a vida real, disseram este domingo atores e o realizador.
A arrepiante cena inicial do filme, baseado no admirado livro de Donna Tartt vencedor do prémio Pulitzer, mostra como "Theo", de 13 anos, perde a mãe e escapa no meio de uma pilha de tesouros artísticos transformados em escombros no Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque.
O bombardeio é mostrado sem som e desde a perspetiva nebulosa do jovem, em cenas de flashback, em parte para evitar comparações com acontecimentos reais, como o 11 de Setembro, explicou o diretor John Crowley no Festival de Toronto.
"Na nossa perspetiva, parecia errado fazer referências a ataques terroristas reais. Não parecia apropriado", salientou.
Nicole Kidman, que interpreta uma amiga da mãe de Theo que se vê obrigada a cuidar dele após o atentado, disse que estudou os efeitos do trauma, devido ao seu trabalho como embaixadora da ONU, bem como uma série de papéis no cinema.
"Na maioria das vezes, não se trata de gritar no momento, e sim de processar o que aconteceu durante toda uma vida", avançou.
Oakes Fegley, o jovem ator que interpreta Theo (papel de Ansel Elgort em adulto), disse que filmar a cena foi "extremamente horripilante. Podemos ver no filme que ele não reage totalmente até deixar o museu. E tudo recai sobre ele naquele momento em que ele liberta aquele grito."
John Crowley revelou que Donna Tartt quis escrever aquela cena após os Talibã terem bombardeado duas esculturas budistas antigas no Afeganistão.
O realizador explicou que evitou imagens gratuitas do ataque ao museu porque tinha a profunda consciência da ofensa "causada pela eliminação de algo que esteve ali durante milhares de anos, e o que isto significa no momento atual que vivemos".
"O Pintassilgo" estreia nos cinemas portugueses esta semana.
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