A caminho dos
Óscares 2022
Sem dizer o nome de Sam Elliot, Benedict Cumberbatch respondeu à "reação muito estranha" do ator ao filme "O Poder do Cão", que lidera a corrida aos Óscares com 12 nomeações.
Em comentários que se tornaram virais de uma entrevista para o podcast "WTF", o nomeado aos Óscares por "Assim Nasce Uma Estrela" e muito ligado ao género western descreveu o filme como uma "m****".
Os cowboys no filme de Jane Campion são comparados aos dançarinos Chippendale que “usam laço e pouco mais" e "estão sempre a correr com Chaps [as resistentes coberturas de couro usadas sobre as calças] e sem camisa. Há todas essas alusões à homossexualidade ao longo do filme", especificou.
Quando o entrevistador Marc Maron recordou que o tema andava precisamente à volta disso [a personagem de Benedict Cumberbatch compensava a sua homossexualidade reprimida com hipermasculinidade], o ator de 77 anos virou-se para a realizadora Jane Campion, a quem reconheceu o talento mas criticou a abordagem, interrogando-se "onde está o western neste western" e o que é que ela, sendo da Nova Zelândia, sabia sobre o Oeste americano.
Num evento BAFTA Film Sessions na sexta-feira passada, Benedict Cumberbatch disse que se estava a esforçar "bastante" para não dizer nada sobre "uma reação muito estranha" ao filme que tinha ouvido num podcast.
"Sem querer 'mexer nas cinzas' disso [...] alguém realmente se ofendeu – não ouvi, portanto é injusto comentar em detalhe sobre isso – sobre o Oeste Americano ser retratado desta maneira", comentou o ator na corrida aos Óscares.
A seguir, destacou que a relevância do reprimido Phil Burbank, a sua personagem: "Pessoas como ele ainda existem no nosso mundo. Seja ao pé de nós, seja no fundo da rua ou seja alguém que conhecemos num bar ou no campo desportivo, existe uma agressividade, uma raiva, uma frustração, e uma incapacidade de controlar ou de conhecer quem se é naquele momento, o que causa danos a essa pessoa e, como sabemos, também causa danos aos que estão à sua volta".
Cumberbatch reforçou que "não há mal nenhum em olhar para uma personagem para chegar às causas disso" e refletir.
"Este é um caso muito específico de repressão, mas também por causa de uma intolerância por essa verdadeira identidade que é o Phil, que ele não pode ser completamente. Quanto mais olharmos por debaixo do capuz da masculinidade tóxica e tentarmos descobrir as suas causas, maiores as possibilidades de lidar com isso quando surge com os nossos filhos", concluiu.
"O Poder do Cão" está nos cinemas portugueses e disponível na Netflix.
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