O ator
Omar Sharif sofre de doença de Alzheimer, informou o seu agente à Associated Press esta segunda-feira, dois anos depois de um porta-voz ter considerado como «meras mentiras» informações nesse sentido.
A confirmação oficial surgiu após o filho, Tarek Sharif, ter revelado o diagnóstico numa entrevista no sábado ao jornal espanhol El Mundo, indicando que o ator, cujos últimos filmes datam de 2013, se esquece frequentemente dos nomes dos seus filmes mais famosos e onde foram rodados.
«É difícil determinar em que fase está. É evidente que nunca irá melhorar e irá piorar. Existem momentos do dia em que está melhor e outros em que fica confuso», confirmou.
«Ele sabe quem é, mas não necessariamente a razão que leva as pessoas a saudarem-no. Quando alguém o ve na ria e se aproxima, muitas vezes ele pensa que é alguém que conhecia e de que se esqueceu do nome e da cara, quando na maioria das vezes é apenas um fã. Ele ainda sabe que é um ator famoso».
Omar Sharif, nome artístico de Michel Demitri Shalhoub, nasceu a 10 de abril de 1932 no Egipto e iniciou a carreira em 1953. Rapidamente ganhou popularidade, tendo rodado 22 filmes até 1961.
O primeiro papel em inglês foi o Sharif Ali no épico «Lawrence da Arábia» (1962) realizado por David Lean e a sua entrada em cena foi uma das mais inesquecíveis da história do cinema: Ali surgia primeiro como um ponto longínquo no deserto que se aproximava lentamente até se revelar montado a camelo e matar Tafas, o guia de Lawrence (Peter O'Toole).
Nomeado para o Óscar de Melhor Ator Secundário, Sharif tornou-se instantaneamente a primeira estrela de cinema internacional de origem árabe, estatuto que se consolidou quando, três anos mais tarde, David Lean lhe confiou o papel de protagonista no popularíssimo «Doutor Jivago».
Na carreira destacam-se ainda filmes como «A Queda do Império Romano» (64), «Genghis Khan, o Conquistador» (65), «A Noite dos Generais» (67), «O Ouro de Mackenna? (69), «Che!» (69), «Os Cavaleiros das Estepes» (71), «A Semente de Tamarindo» (74), «Funny Lady» (75), «O Último Viking» (99), «Monsieur Ibrahim et les Fleurs du Coran» (03), «Hidalgo - O Grande Desafio» (04) e «J'ai oublié de te dire» (09), desempenhando neste último precisamente uma vítima de Alzheimer.
Omar Sharif, também ávido jogador de bridge, só casou uma vez, com Faten Hamama, estrela de «Siraa Fil-Wadi», o seu primeiro filme, numa relação que terminou ao fim de 13 anos - ainda que o divórcio só tenha sido decretado em 1974 -, mas protagonizou vários casos célebres.
Um deles, com Barbra Streisand, colega em «Funny Girl: Uma Rapariga Endiabrada» (1968), quase levou o governo egípcio a retirar-lhe a nacionalidade: ainda antes de se conhecer o envolvimento na vida real, só o facto de viverem um romance no grande ecrã, ele árabe e ela judia, foi o suficiente para originar um escândalo internacional.
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