Nos 15 anos do SAPO, a equipa do SAPO Cinema reuniu os 15 filmes que mais marcaram a última década e meia, os que marcaram uma viragem ou introduziram novidade, e que ficaram impressos de forma indelével na memória colectiva.

Toy Story - Os Rivais (
John Lasseter, 1995) – O filme que lançou a animação por computador na arena da longa-metragem, mudou diametralmente o rumo dos filmes do género e colocou nas bocas do mundo um estúdio tão extraordinário como é a Pixar, que desde então não consegue fazer nada que não seja genial. E já lá vão 11 longas-metragens...

Titanic (
James Cameron, 1997) – Contra todas as expectativas, tornou-se o maior êxito da história do cinema até outro filme do mesmo realizador lhe retirar o trono, mais de 10 ano depois: sem estrelas à partida (
DiCaprio tornou-se uma durante a rodagem com a estreia de
«Romeu e Julieta»), com um orçamento desmesurado e uma história com um final conhecido por todos, que impossibilitava a concretização de sequelas e produtos derivados.
James Cameron levou milhões de espectadores várias vezes ao cinema e, de passagem, igualou o recorde de onze Óscares de
«Ben-Hur».

A Festa (
Thomas Vinterberg, 1998) – O filme que lançou em pleno o movimento «Dogma 95», que postulava uma série de regras muito rígidas com objectivo de conferir um realismo inusitado aos filmes. O Dogma voltou a colocar o cinema dinamarquês no mapa e os seus postulados espalharam-se a todo o planeta, para gáudio de cineastas com pouco orçamento e com uma obsessão por uma veracidade tão crua como um bife tártaro.

O Resgate do Soldado Ryan (
Steven Spielberg, 1998) – Não só é um dos melhores filmes de guerra de sempre, como também mudou radicalmente a forma como passaram a ser encenadas as cenas de acção, a emular o estilo documental, com câmara ao ombro e montagem frenética. De
«Gladiador» à trilogia de Jason Bourne, a sua influência não pára de crescer.

Clube de Combate (
David Fincher, 1999) – Nunca a pasmaceira da nova geração dos 30 tinha sido retratada de forma tão incisiva. A violência e o sexo são em «Fight Club» metáforas para a inutilidade de uma geração condicionada pelo consumo e o individualismo. A sátira ganhou nova forma com o filme de David Fincher que se tornaria num objecto de culto ainda hoje venerado pelo mundo fora.

Magnolia (
Paul Thomas Anderson, 1999) – É difícil encontrar, nos últimos anos, algum filme que dê ao espectador um murro no estômago tão valente com uma classe tão subtil. Foi a consagração de um grande cineasta de uma nova geração, Paul Thomas Anderson, e do seu talento para misturar histórias reais e genuinamente dramáticas com cenários surrealistas e inexplicáveis.

Matrix (
Andy e
Larry Wachowski, 1999) – E os efeitos especiais nunca mais foram os mesmos. Um cenário futurista, apocalíptico (até aqui nada de novo) que aborda a temática do poderio da tecnologia perante o Homem, propondo a ideia de que a nossa realidade não é senão um simulacro manipulado por forças externas à humanidade, o que lhe permitiu introduzir técnicas de efeitos especiais nunca antes vistas, com resultados impressionantes. É um bolo de influências («Alice no País das Maravilhas», cinema de acção de Hong Kong, «western spaghettis» e animação japonesa) que se transforma num quadro ciborgue e ultra-futurista sem, no entanto, deixar de fora uma base sólida de ideias filosóficas e religiosas.

O Projecto Blair Witch (Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, 1999) – O marco principal na utilização da internet para criar um fenómeno de culto, que transformou num enorme êxito este falso documentário de micro-orçamento feito entre amigos.

O Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel (
Peter Jackson, 2001) – O início da trilogia mais ambiciosa da história do cinema, rodada em continuidade e com um respeito escrupuloso pela fonte literária. Uma das maiores sagas da Sétima Arte, que revolucionou os efeitos visuais, especialmente com a introdução no segundo capítulo da personagem Gollum, criada através da tecnologia de «motion-capture».

Homem-Aranha (
Sam Raimi, 2002) – Depois de muitos falsos arranques, foi desta que os super-heróis da BD marcaram em definitivo presença no cinema.
«Blade» (
Stephen Norrington, 1998) e
«X-Men» (
Bryan Singer, 2000) já tinham preparado o terreno para o «boom», mas foi
Homem-Aranha que devastou bilheteiras, graças à carga dramática e humana com que conquistou todo o tipo de espectadores.

A Paixão de Cristo (
Mel Gibson, 2003) – Não se falou de outra coisa pela altura em que o filme chegou às salas de cinema.
Mel Gibson, o católico tradicionalista, fazia um filme sobre a Via Sacra mas quem se arriscava a ser crucificado era o próprio actor/realizador. A fita é falada em línguas mortas (aramaico, latim e hebreu) e assume a suposta relação de Cristo com Maria Madalena. A extrema violência e a postura supostamente anti-semita do filme (afinal, a que estava nas Escrituras), levou ao repúdio de muitos, e se o público se dividiu entre a rejeição e a curiosidade mórbida, não deixou de acorrer às salas transformando a fita num enorme sucesso de bilheteira. A sua qualidade é muito discutível mas há um facto consumado: foi o filme mais polémico dos últimos anos.

Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos (
Clint Eastwood, 2005) – É contra todas as regras da probabilidade, mas dobrados os 65 anos,
Clint Eastwood começou a somar obras-primas umas atrás das outras. Apesar disso, nada nos preparou para a extrema sensibilidade e humanidade de um filme em que o amor e a perda são tão dolorosos como essenciais. O público rendeu-se ao filmes e os Óscares também, com estatuetas para
Clint Eastwood,
Hillary Swank e, finalmente,
Morgan Freeman.

O Segredo de Brokeback Mountain (
Ang Lee, 2006) – Claro que filmes sobre relações homossexuais são quase tão velhos como o próprio cinema, mas a novidade aqui foi tratar-se de uma fita «mainstream», com duas estrelas conhecidas, que nada tinham de efeminado. Efectivamente, são dois homens másculos e algo rudes, numa história de enorme sensibilidade e segurança. Uma belíssima história de amor, que comprova que Ang Lee é um realizador sem par.

O Cavaleiro das Trevas (
Christopher Nolan, 2008) - O cinema de super-heróis «mainstream» nunca foi tão negro, tão adulto e, mesmo assim, com tanto sucesso nas bilheteiras de todo o mundo. Christopher Nolan conseguiu criar um filme plenamente adulto a partir de um herói por muitos tido como juvenil, e o sucesso esmagador de bilheteira teve logo dois resultados imediatos: a sua escandalosa ausência na lista das cinco películas nomeadas ao Óscar de Melhor Filme (juntamente com a do igualmente bem sucedido filme de animação
«Wall.E») levou a Academia a ampliar a categoria de cinco para dez nomeações; e a confiança atribuída a Nolan permitiu-lhe fazer um «blockbuster» caríssimo e de estrutura complexíssima,
«A Origem», que, mesmo assim foi um sucesso esmagador.

Avatar (
James Cameron, 2009) -
James Cameron conseguiu novamente criar o maior êxito de sempre da história do cinema (sem levar em conta a inflação), com um filme que o próprio Steven Spielberg considerou ser uma obra «que vai revolucionar a história do cinema». Apesar de já ter havido outras películas a beneficiar da nova tecnologia das três dimensões, este foi o primeiro filme tridimensional que muita gente foram ver, e foi ele que verdadeiramente lançou o «boom» do cinema em 3D. Em termos de feitos visuais, haverá certamente um antes e um depois de
Avatar . E, o que não é nada pouco, criou um universo completamente novo, que seduziu o planeta, que ficou enfeitiçado pela raça Na'vi e o planeta Pandora.