Nas vésperas do regresso ao cinema da superprodução, agora em edição de aniversário, o cineasta canadiano confessou que teria concebido a narrativa de outra forma se pudesse prever a indignação dos fãs, aflitos pela trágica morte do herói, Jack, no fim do filme.

“Com o que sei agora, teria feito a porta mais pequena, para que não houvesse dúvida!”, declarou entre risadas numa conferência de imprensa pelo aniversário da obra.

Dada a popularidade do filme, continuam a existir debates sobre o destino da personagem principal, interpretada por Leonardo DiCaprio. Os fãs insistem que Jack poderia ter sobrevivido às águas geladas do Atlântico Norte depois de o navio ter afundado. Tinha apenas de ter subido para a tábua usada para salvar a sua amada Rose, interpretada por Kate Winslet.

Em vez disso, porém, decide que a porta de madeira sobre a qual ela flutua no mar não é grande o suficiente para dois, e sacrifica-se para garantir a sobrevivência dela.

A polémica à volta da morte de Jack é só um exemplo de como a história de Titanic “parece não ter fim para o público”, disse Cameron.

“Houve tragédias muito maiores desde o Titanic”, navio que naufragou em 1912 após colidir com um iceberg, acrescentou, citando as duas guerras mundiais que marcaram o século XX. “Mas o Titanic tem essa característica duradoura, quase mítica, romanesca”, acrescentou.

“Acho que tem a ver com amor, sacrifício e mortalidade”, acrescentou o realizador, lembrando também os “homens que saíram dos botes salva-vidas para salvar as mulheres e as crianças”.

“Veredicto final”

Cameron colocou à prova o sacrifício individual de Jack num novo documentário da National Geographic, com experiências num tanque de água gelada com dois duplos e uma réplica exata da porta utilizada na filmagem.

Em “Titanic: 25 anos depois”, os dois duplos que assumiram os papéis de Jack e Rose foram equipados com vários termómetros para medir a velocidade em que iriam sucumbir vítimas de hipotermia. A experiência revelou que o trágico destino de Jack não era inevitável.

Um primeiro teste onde ele se agarra à porta sem subir para ela, como no filme, confirma que o personagem teria morrido de hipotermia. Um segundo teste, entretanto, em que ambos conseguem manter-se em equilíbrio sobre a porta para manter os seus torsos, ou seja, os seus órgãos vitais, fora da água, sugere que Jack poderia ter-se salvado.

Nesse cenário, ele “poderia ter aguentado até que chegasse o bote salva-vidas", reconheceu Cameron. “O veredicto final? Jack possivelmente poderia ter sobrevivido. Mas há muitas variáveis”, acrescentou.

Uma História de amor épica

“Titanic” estreou em dezembro de 1997 e esteve no primeiro lugar das bilheteiras durante 15 fins de semana consecutivos.

Enquanto hoje em dia a maioria das longas-metragens conseguem as suas maiores receitas no fim de semana de estreia, “Titanic” alcançou seu auge no oitavo, que coincidiu com o Dia dos Namorados, celebrado a 14 de fevereiro.

A épica história de amor é relançada agora, antes do fim de semana do Dia dos Namorados deste ano, na expectativa de aumentar a sua receita mundial de 2,2 mil milhões de dólares.

“Estimo que 100 milhões da nossa bilheteira se devem ao apelo do Leonardo DiCaprio para adolescentes de 14 anos”, brincou Cameron.

“Titanic” tem atualmente a terceira maior receita da história do cinema, atrás de “Vingadores: Endgame”, o blockbuster de super-heróis da Marvel, e “Avatar”, outro filme de Cameron.

Mas espera-se que em breve seja superado por “Avatar: O Caminho da Água”, o novo sucesso do cineasta, que já fez 2,18 mil milhões de dólares e continua a atrair multidões às salas de cinema.

Em conjunto, esses três gigantes da bilheteira de Cameron já arrecadaram 7,25 mil milhões de dólares, aproximadamente o PIB das Bermudas.

Além de enriquecer extraordinariamente o seu realizador, “Titanic”, de três horas de duração, deixou outro legado importante, embora controverso. “Antes de ‘Titanic’, acreditava-se que um filme longo não poderia ganhar dinheiro”, afirmou Cameron. Mas “Avatar” dura 162 minutos e a sua sequela, 192 minutos. “E está a correr muito bem.”

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