A fantasia de cariz aventureiro nunca foi um género muito bem sucedido em termos de cinema e por isso, até há cerca de 10 anos, os estúdios afastavam-se desse tipo de filmes como da peste. Nem o toque de Midas de
George Lucas enquanto produtor conseguiu salvar do fracasso comercial películas como
«Willow - Na Terra da Magia» ou
«Labirinto».

Hoje em dia tudo mudou, com a característica adicional de se ter retornado à literatura em busca de «blockbusters». A génese do novo movimento está no ano de 2001 e no monstruoso sucesso que se deu então com
«O Senhor dos Anéis», pensado de raiz para três filmes, à imagem dos três romances originais de J.R.R.Tolkien, e o primeiro filme da saga Harry Potter,
«Harry Potter e a Pedra Filosofal», adaptado do romance de
J.K.Rowling. Subitamente, parecia que o público já não tinha medo do género fantástico e, principalmente, de filmes que, objectivamente, eram pensados em arco, com várias sequelas incluídas no pacote, tantas como livros houvesse da série literária que lhes estava na origem.

Por essa via prosseguem Harry Potter, que chega este ano ao sétimo filme, com a adaptação de
«Harry Potter e os Talismãs da Morte», e a série de vampiros adolescentes
«Twilight», que acaba de estrear em todo o mundo a terceira película,
«Eclipse». O sucesso de bilheteira, em ambos os casos e em todos os filmes, foi sempre esmagador.

Mas observando o fenómeno com atenção, verificamos que os sucessos nesse campo, nos últimos anos e estimulados pelos exemplos acima, são muito menores que os fracassos, mesmo quando a série literária da qual são adaptados tem bastante sucesso. Como exemplo de êxito conta-se ainda «Nanny McPhee», baseado nos livros da série
«Nurse Matilda», de Christianna Brand, que, pela mão de
Emma Thompson, conseguiu já ter dois filmes de sucesso significativo (
«A Ama Mágica» e
«Nanny McPhee e o Toque de Magia»). Mas um percurso mais turbulento tem seguido a série
«As Crónicas de Narnia», baseada na série de sete livros de C.S.Lewis, com um primeiro filme de imenso sucesso,
«O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa», e um segundo,
«O Príncipe Caspian», a ter resultados de bilheteira desapontantes o suficiente para a Disney libertar os direitos sobre a série a outros produtores. A Fox tomou as rédeas e prepara-se para arriscar no
terceiro filme, cujo
primeiro «trailer» já chegou à internet.

Com o futuro interrogado está a série
«Percy Jackson & the Olympians», de Rick Riordan, que este ano teve um primeiro filme de relativo sucesso,
«Percy Jackson e os Ladrões do Olimpo». Apesar de não se terem portado muito mal nas bilheteiras, parecem estar fora de hipótese sequelas directas de
«Lemony Snicket: Uma Série de Desgraças» (2004), baseado na série de Daniel Handler, e de
«As Crónicas de Spiderwick» (2008), baseado na saga literária de Holly Black e Tony DiTerlizzi, cada vez mais dificultadas pelo crescimento das crianças que então protagonizaram os respectivos filmes.

Menos sorte tiveram outros fracassos mais rotundos, o mais sonoro dos quais foi a versão cinematográfica de
«A Bússola Dourada», baseado na série de Philip Pullman, que apesar da presença de
Nicole Kidman e
Daniel Craig no elenco não conseguiu recuperar os 180 milhões de dólares de investimento, inviabilizando as sequelas.

«Eragon», a partir da série literária de Christopher Paolini, também não correu melhor, com receitas bem abaixo do orçamento e uma recepção crítica abominável, que deixou a sequela no limbo.
«Cirque du Freak», baseado na série juvenil de vampiros de Darren Shan, também se revelou um desapontamento, tal como
«Inkheart - Coração de Tinta», baseado na saga de Cornelia Funke, que nem
Brendan Fraser resgatou ao insucesso nas bilheteiras.

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