Os tempos não correm de feição para
Brett Ratner, o realizador de filmes como
«Hora de Ponta» e
«X-Men: O Confronto Final» e até ontem produtor da próxima cerimónia de entrega dos Óscares. Primeiro surgiu uma reação pouco elegante ao rumor que circulava associado à biografia de
Olivia Munn, «Suck It, Wonder Woman!: The Misadventures of a Hollywood Geek», de que seria Ratner o realizador não identificado que ela teria visto a comer marisco tendo à vista a sua «masculinidade reduzida».

Em entrevista ao programa «Attack of the Show» para promover o seu último filme,
«Alta Golpada», Ratner reconheceu que era ele o visado embora tivesse rejeitado a descrição, afirmando que «ela costumava andar pelo set de
«Golpe no Paraíso», eu comi-a algumas vezes... mas depois esqueci-me dela. Porque ela mudou de nome... eu não sabia que era mesma pessoa. Quando ela veio a uma audição para um programa, eu esqueci-me dela, ela ficou chateada e inventou todas aquelas histórias de mim a comer camarão e a masturbar-me na minha roulotte».

Pouco tempo depois, numa sessão de perguntas e respostas na sequência de um visionamento de «Alta Golpada», quando questionado sobre ensaios com os atores, ele respondeu: «Ensaio? Ensaio é para maricas». A insensibilidade da tirada acumulada com as declarações anteriores gerou uma explosão de polémica que motivou, numa primeira fase, que Ratner pedisse desculpa numa entrevista com Howard Stern, sublinhando que Munn «tinha bastante talento. O problema é que eu fiz com que ela parecesse uma prostituta» e ainda, quanto à frase sobre os ensaios, que «foi uma forma idiota de me expressar. Toda a gente sabe que eu não tenho qualquer tipo de preconceitos. Mas enquanto contador de histórias eu deveria ter sido muito mais consciente do poder da linguagem e da escolha das palavras».

Para aliviar a pressão,
Tom Sherak, o presidente da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood, que promove a entrega dos Óscares, expressou o seu apoio a Ratner embora tenha criticado os seus comentários como «inapropriados e idiotas» sublinhando que «todos fazemos erros e ele certamente não queria dizer aquilo».

A pressão da polémica acabou por motivar o afastamento voluntário de Ratner da produção da cerimónia dos Óscares, que o cineasta confirmou hoje em declaração pública. As primeiras palavras do documento assumiam as razões do sucedido: «Nos últimos dias, fui muito repreendido, e com razão, por muitas das pessoas que eu mais admiro nesta indústria, que expressaram a sua indignação e o seu desapontamento por muitas das coisas estúpidas e dolorosas que eu disse em várias aparições recentes na comunicação social. A eles, e a todos aqueles que eu magoei e ofendi, apresento o meu pedido de desculpas publicamente e sem reservas».

De seguida, surge no comunicado a consequência dos atos: «Como primeiro passo, telefonei a Tom Sherak esta manhã e demiti-me do cargo de produtor da 84ª cerimónia televisiva de entrega dos Óscares. Ter sido convidado para ajudar a montar o espetáculo dos Óscares foi o momento mais orgulhoso da minha carreira. Mas por mais doloroso que isto seja para mim, seria pior se a minha associação com o espetáculo fosse uma distração da Academia a dos altos ideais que ela representa».

Na sequência dessa declaração, Tom Sherak disse que «ele tomou a atitude correta para ele e para a Academia», acrescentado que «as palavras têm significado e têm consequências. O Brett é uma boa pessoa mas os comentários dele foram inaceitáveis. Todos esperamos que isto seja uma oportunidade de aumentar a consciência sobre o mal que é causado por comentários inconsequentes e insensíveis, independentemente das intenções».

A 84ª cerimónia de entrega dos Óscares está agendada para 26 de fevereiro de 2012.