O realizador Doug Liman não vai estar na antestreia mundial do seu filme "Road House" na sessão de abertura do Festival SXSW a 8 de março.

Após as notícias no início de dezembro do protagonista Jake Gyllenhaal estar "furioso", o realizador assume que se sente traído e está a protestar contra a decisão da Amazon Prime Video de apenas lançar em streaming o que diz ser "claramente" um filme feito para o grande ecrã.

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"Road House" é uma reinvenção do popular título de culto de 1989 com Patrick Swayze, Kelly Lynch, Sam Elliott e Ben Gazzara, que se chamou "Profissão: Duro" em Portugal, com Jake Gyllenhaal, em mais uma impressionante transformação física, no papel do antigo lutador de MMA Elwood Dalton (inspirado no original James Dalton), que vai trabalhar num bar com reputação duvidosa na Florida e descobre que "nem tudo é o que parece neste paraíso tropical".

Ao seu lado estão Daniela Melchior, Billy Magnussen e Joaquim de Almeida, além de Conor McGregor num papel proeminente, no que será a estreia do ainda atleta profissional da UFC.

Doug Liman e Tom cruise na rodagem de "No Limite do Amanhã”.

Num longo depoimento publicado no Deadline, Doug Liman diz que planeava um protesto silencioso, mas mudou de ideias porque as decisões da Amazon estão a "prejudicar muito mais do que a mim ou o meu filme".

"Assinei contrato com a MGM para fazer um filme para o grande ecrã. A Amazon comprou a MGM. A Amazon disse para fazer um bom filme e veremos o que acontece. Fiz um bom filme. Fizemos de 'Road House' um 'sucesso estrondoso' – palavras da Amazon, não minhas [...]", escreve.

"Contrariamente às suas declarações públicas, a Amazon não tem interesse em apoiar os cinemas. [...] A Amazon pediu-me a mim e à comunidade do cinema para confiar nela e nas suas declarações públicas sobre o apoio aos cinemas, e depois mudou de opinião e está a usar 'Road House' para vender acessórios de canalização", revela.

O realizador também confirma os relatos de que o seu filme teve melhores resultados nas sessões de teste junto dos espectadores do que “Mr. e Mrs. Smith”, o seu maior sucesso de bilheteira, e o primeiro Jason Bourne ("Identidade Desconhecida"). Recordou ainda a forte ligação da produção com a UFC e a presença de Conor McGregor, além do forte interesse manifestado pelos fãs quando ainda nem começou a campanha de marketing.

Conor McGregor

Garantindo não ser contra o lançamento de filmes em streaming, Doug Liman diz que tanto ele como os atores não vão poder partilhar as vantagens de ter um filme de sucesso , mas a decisão também "priva Jake Gyllenhaal — que dá a melhor interpretação da sua carreira — da oportunidade de ser reconhecido na temporada de prémios".

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"Mas o impacto vai muito lá deste filme. Pode moldar a indústria nas próximas décadas. Não haverá salas de cinema no futuro se não colocarmos lá filmes populares como 'Road House', que as pessoas realmente querem ver no grande ecrã e foi feito para o grande ecrã. Sem as salas, não temos os sucessos de bilheteira comerciais que são as locomotivas que permitem aos estúdios apostar em filmes originais e novos realizadores. Sem as salas não temos estrelas de cinema", nota.

E recordou: "O facto de ainda termos salas depois da pandemia global não aconteceu por acaso. Aconteceu porque cineastas corajosos como Christopher Nolan e Tom Cruise insistiram que os seus filmes fossem lançados no cinema e provaram que os espectadores ainda lá estão. Provaram que, apesar de tudo, ainda gostamos de nos juntar e partilhar a experiência comunitária de ver um filme juntos. As pessoas adoram ir ao cinema, apesar da conveniência do streaming. Eles não são mutuamente exclusivos. Na verdade, os dados mostram que os filmes têm melhor desempenho em streaming se forem lançados primeiro nas salas".

O realizador também revela que os executivos da Amazon recusaram o seu pedido para o deixar vender "Road House" a outro estúdio que o colocasse nos cinemas.

E lamenta: "Gosto dos executivos de cinema da Amazon e acredito que são boas pessoas que estão a tentar fazer o seu melhor. Têm uma vida inteira de experiência a fazer e lançar filmes nas salas. [...] Talvez também sejam vítimas disto, forçados a trair os artistas que passaram as suas carreiras a apoiar".