De acordo com a produtora Midas Filmes, o filme de
João Salaviza terá estreia comercial numa sala de cinema em Lisboa e noutra em Gaia. Está prevista ainda uma exibição dos dois filmes no sábado, em Almada, Aveiro, Braga e Coimbra, seguindo-se depois apresentações em itinerância em Ponta Delgada (dia 14), Barcelos (dia 16), Castelo Branco (dia 17), Vila do Conde (dia 27) e Póvoa de Varzim (dia 31).
«Rafa» estreia nos cinemas três meses depois de ter sido distinguido em Berlim com o Urso de Ouro de melhor curta-metragem. O filme é protagonizado por Rodrigo Perdigão, no papel de um adolescente da margem sul do Tejo que viaja até Lisboa para ir ter com a mãe, que foi detida por causa de um acidente de automóvel.
Essa travessia na ponte sobre o Tejo e a deambulação pela cidade, ao longo de todo o dia, representam uma espécie de transição da zona de conforto para uma certa maturidade, explicou João Salaviza à agência Lusa, quando o filme teve estreia em Berlim.
Na verdade, «Rafa» encerra uma trilogia que se foi desenhando na cabeça de João Salaviza, sem que tivesse sido pensada, juntando-se a «Arena» e «Cerro Negro».
O filme «aborda as mesmas questões de
«Arena»: Uma certa dificuldade de o indivíduo existir dentro de uma coisa mais abrangente que é a sociedade». Em ambos há «um desejo dos protagonistas de inserção numa sociedade e foca-se no desencontro entre indivíduos e instituições», referiu.
«Arena» conquistou em 2009 a Palma de Ouro do festival de cinema de Cannes, em França.
«Cerro Negro», feito no âmbito do programa da Gulbenkian Próximo Futuro, valeu esta semana a Salaviza o prémio de melhor realizador no festival IndieLisboa. São várias distinções para um realizador que, aos 27 anos, quer agora fazer uma longa-metragem e que lamenta a falta de apoios ao cinema português.
Na terça-feira, João Salaviza, acompanhado dos realizadores
Miguel Gomes e
Gonçalo Tocha, disse aos deputados no Parlamento que o cinema português vive «um período de coma», porque os apoios do Instituto do Cinema e do Audiovisual estão suspensos e está por aprovar uma nova lei para o setor.
Em fevereiro, em Berlim, na cerimónia de entrega dos prémios, João Salaviza dedicou o Urso de Ouro ao governo português: «Mas só na condição de nos ajudarem nos próximos anos, porque não sabemos o que vai acontecer com o nosso cinema».
«Rafa» terá estreia comercial em complemento ao filme
«Nana», estreia da realizadora francesa
Valerie Massadian, que se debruça sobre a infância, a partir da história de uma criança que é deixada sozinha em casa, numa floresta, pela mãe. Valerie Massadian recebeu um prémio de primeira obra, pelo filme, no festival de cinema de Locarno, na Suíça.
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