Foi a 16 de novembro de 1990 que “Sozinho em Casa” estreou nos cinemas americanos.
A história faz agora parte da cultural popular: esquecido por engano em Chicago quando a família vai para Paris passar as férias de Natal, Kevin McCallister (Macaulay Culkin), de oito anos, ocupa-se das tarefas domésticas e acaba por ter de defender a casa das tentativas de assalto dos célebres “bandidos molhados” (Joe Pesci e Daniel Stern).
Esta era uma altura em que os filmes não estreavam ao mesmo tempo em todo o mundo: a Portugal, "Sozinho em Casa" só chegou a 25 de janeiro do ano a seguir, muito mais tarde do que demoraram a chegar as notícias do seu gigantesco sucesso de bilheteira (apenas ultrapassado por “Ghost” e “Pretty Woman”) ou a imagem que se tornou icónica de Macaulay Culkin com as mãos nas bochechas a gritar.
Mas seja a altura em que estreou, o impacto foi semelhante: quando o filme finalmente saiu dos cinemas, muitos meses mais tarde, estava rendida uma geração inteira de crianças.
Quantas se terão convencido, por exemplo, que existia “Angels With Filthy Souls", aquele filme antigo de gangsters a preto e branco "proibido" que Kevin aproveitava para ver enquanto comia gelado e depois usava para assustar os ladrões, deixando como legado a frase "Keep the change, ya filthy animal"?
As crianças do início dos anos 1990 tornaram-se adultas, mas "Home Alone" continua a ser uma memória de infância muito especial. E ele nunca deixou de estar à nossa volta, a criar essa ligação em novos espectadores, graças primeiro às então cassetes VHS (com vendas que apenas ficaram abaixo das de “E.T”) e a seguir com a chegada à televisão, onde se tornou uma tradição todos os natais.
O filme também é o resultado da união feliz de alguns fatores cinematográficos que nunca mais alinharam de forma tão perfeita, nem sequer na (simpática) sequela dois anos mais tarde “Sozinho em Casa 2: Perdido em Nova Iorque” (1992): o argumento de John Hughes (quase uma espécie de “Universo Cinematográfico Marvel” da altura, graças a títulos como "16 Primaveras", "O Clube", "Que Loucura de Mulher", "O Rei dos Gazeteiros" ou "O Meu Tio Solteiro"); a revelação de Macaulay Culkin (aos nove anos, uma das maiores estrelas infantis da história do cinema); a segurança dos veteranos Joe Pesci e Daniel Stern, além da “família” de secundários liderada por Catherine O'Hara e John Heard; uma das mais mágicas bandas sonoras fora de “Star Wars” e Indiana Jones” de John Williams; e a realização segura de Chris Columbus (não é por acaso que, uma década mais tarde, lhe foram confiados os dois primeiros filmes “Harry Potter”), até à altura mais conhecido como o argumentista de delícias como “Gremlins” e “Os Goonies”.
“Sozinho em Casa” não tem internet, telemóveis ou redes sociais, mas aos 30 anos não mostra a sua idade. Porque a ligação emocional que se estabelece com ele transcende tudo isso, algures entre rir com um miúdo traquinas num jogo de gato e rato com adultos pouco inteligentes, o espírito de alegria e esperança habituais do Natal e, talvez acima de tudo, a reconfortante mensagem da importância e reunião da família. E isso é uma constante que transcende línguas, culturas, religiões e todas as transformações do mundo.
E vai continuar a ser tão popular aos 40, 50 ou 60 anos, como se viu pelo que aconteceu em dezembro de 2018, quando Macaulay Culkin deliciou milhões e milhões ao voltar a ser Kevin McAllister num anúncio da Google que recriava, com um toque "tecnológico", algumas cenas nostálgicas.
E mesmo num mundo dominado por uma pandemia, o "miúdo" causou uma autêntica "comoção internacional" (leia-se viral) com esta publicação nas redes sociais a 26 de agosto:
"Olá, malta. Querem sentir-se velhos? Tenho 40 anos. Não têm de agradecer. É o meu presente para o mundo: fazer as pessoas sentirem-se velhas. Já não sou um miúdo, é o meu trabalho”.
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