Com a chegada aos cinemas esta semana de "Star Wars: Episódio IX - A Ascensão de Skywalker" (2019), chega oficialmente ao fim a saga dos Skywalker iniciada com o primeiro filme em 1977.
O que aí vem não é da responsabilidade de George Lucas: o criador da saga e realizador de quatro dos seis primeiros episódios foi o primeiro a despedir-se quando vendeu o seu "império" Lucasfilm por quatro mil milhões de dólares em 2012 à Disney.
As "chaves" da galáxia muito distante (e ainda de Indiana Jones) passaram para as mãos de Kathleen Kennedy e Lucas optou por um tom de distanciamento quando a Disney decidiu não aproveitar as suas ideias para a nova trilogia, com uma única e incendiária exceção: numa entrevista disse ter vendido a saga a "esclavagistas brancos", uma analogia pela qual pediu desculpa por ser "muito inapropriada".
O ator Mark Hamill (Luke Skywalker), um aliado incondicional, várias vezes lamentou o seu afastamento, mas o cineasta não voltou a deixar transparecer em público o que lhe ia na alma, mantendo-se cortês e diplomático: quando estreou "Episódio VII: O Despertar da Força" (2015), o máximo que conseguiram arrancar-lhe é que era um "filme retro", numa referência implícita à proximidade temática que tinha com o original "A Guerra das Estrelas" (o Episódio IV); sobre a sequela, "Os Últimos Jedi" (2017), achou que estava "feito de forma bonita".
Foi preciso esperar pelas memórias de Bob Iger, CEO da Disney, em setembro deste ano, para ser conhecida a sua opinião sobre "Episódio VII": "Ele não escondeu a sua desilusão. 'Não há nada de novo', disse. Em cada um dos filmes da trilogia original, era importante para ele apresentar novos mundos, novas histórias, novas personagens e novas tecnologias. Neste, disse, 'Não há saltos suficientes visuais ou técnicos em frente'".
Não falta quem partilhe a mesma opinião de que a Disney, a Lucasfilm e o realizador J. J. Abrams seguiram o caminho mais seguro e essencialmente reciclaram a história do primeiro "Star Wars" e fazer a ponte com as personagens familiares que os fãs tanto amavam e não viam desde o final de "O Regresso de Jedi" em 1983 (Luke, Leia, Han Solo), principalmente após "suportarem" as aventuras amorosas e trágicas de George Lucas para Anakin (Hayden Christensen) e Padmé (Natalie Portman) na segunda trilogia (a da prequela, entre 1999 e 2005).
Dois anos mais tarde, "Os Últimos Jedi" foi comparado a "O Império Contra-Ataca" (1980), pelo menos tom de "capítulo do meio", mas os fãs dividiram-se em relação às opções criativas feitas pelo realizador e argumentista Rian Johnson, principalmente com a caracterização de Luke Skywalker como envelecido Jedi, criticada pelo próprio Mark Hamill.
Os mais zangados chegaram a iniciaram uma petição para que a Disney rejeitasse o filme e fizesse uma nova versão, embora um estudo académico tenha revela que, afinal, mais de metade das reações negativas tiveram motivações políticas ou não foram feita por pessoas reais, parte delas da Rússia, com o objetivo de propagar "ainda mais uma narrativa de discórdia e disfunção generalizada na sociedade americana".
Despedida nostálgica como em "O Regresso de Jedi"?
O regresso confirmado e ainda por explicar do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid) parece indicar que o também regressado J. J. Abrams se prepara para fazer de "A Ascensão de Skywalker" o seu "O Regresso de Jedi" e fechar os arcos narrativos de oito filmes feitos em longo de 42 anos.
Após ter apresentado uma nova heroína e deixar o mistério das suas origens em "O Despertar da Força", cuja resposta em "Os Últimos Jedi" frustou tantas expectativas, espera-se a história revele quem é verdadeiramente Rey (Daisy Ridler), mas, para não fugir à regra, a história está a ser mantida em segredo, transparecendo apenas que "vão nascer novas lendas e a batalha final pela liberdade ainda está para chegar" entre a Primeira Ordem, liderada por Kylo Ren (Adam Driver), e os rebeldes, onde as principais figuras são Rey, Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac).
Seja o que tenha sido traçado pelo realizador com a Lucasfilm e a Disney, para os fãs esta será uma despedida nostálgica a tudo o que amaram (e temeram) desde 1977.
Os novos atores da saga viram as suas carreiras prosperar desde que entraram na saga (principalmente Adam Driver) e todos deixaram claro que tencionam seguir em frente e John Boyega chegou a dizer que nem sequer o vão apanhar no Disney+.
VEJA O ÚLTIMO TRAILER.
Mas nem eles se devem iludir: a história passa por eles, mas dividirão as atençõescom as despedidas pugentes de Mark Hamill como Luke, Ian McDiarmid como o Imperador, Anthony Daniels como C-3PO e até do regressado Billy Dee Williams como Lando Calrissian.
E não só: atrás das câmaras, esta a última vez que ouviremos uma banda sonora de John Williams para "Star Wars".
Ainda que "regresse" agora para o último filme, com a manipulação de imagens não utilizadas de "O Despertar da Força", para (tentar) cumprir o destino da General Leia, Carrie Fisher faleceu no Natal de 2016 e inevitavelmente "Os Últimos Jedi", estreado um ano mais tarde, tornou-se a celebração do seu legado.
Antes, Harrison Ford despedira-se de Han Solo em "O Despertar da Força"; o mesmo filme onde, pela passagem do tempo e a ordem natural das coisas, Kenny Baker e Peter Mayhew também foram pela última vez, e já não a tempo inteiro, R2-D2 e Chewbacca (Baker faleceu em 2016 e Mayhew já este ano).
O que vem a seguir?
Uma série sobre Obi-Wan Kenobi com o regresso confirmado de Ewan McGregor continuará parcialmente a história da família Skywalker, mas na plataforma de streaming Disney+.
No cinema, após o fracasso de bilheteira de "Han Solo: Uma História de Star Wars", a Disney colocou um travão nos projetos. Agora, voltar atrás ou seguir em frente são algumas das ideias para o futuro em cima da mesa.
"Ficamos nesta galáxia? Vamos para outra? O universo é infinito [risos] São boas e más notícias. As possibilidades são infindáveis. É libertador, é emocionante e também cria muita pressão e ansiedade", esclareceu recentemente Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, numa entrevista à revista Rolling Stone.
Recentemente, os criadores da série "A Guerra dos Tronos" desistiram do projeto para fazer a sua trilogia, deixando a Disney com um buraco que ainda não preencheu para a anunciada estreia do primeiro filme "pós-Skywalker" em dezembro de 2022.
Segundo o The Hollywood Reporter, Kathleen Kennedy tem um projeto para essa data, mas não deverá anunciá-lo antes de janeiro e não é para a outra anunciada trilogia, a do realizador Rian Johnson ("Episódio VIII: Os Últimos Jedi"), nem para o prometido o projeto de Kevin Feige.
Neste intervalo, os fãs poderão ocupar-se com "The Mandalorian", a primeira série "Star Wars" em imagem real para o serviço de streaming Disney+, que já deu ao mundo aos fãs o presente do "Baby Yoda", e mais tarde com outra centrada na personagem de Cassian Andor (Diego Luna), personagem de "Rogue One". A nova temporada de "Star Wars: The Clone Wars" também será exclusiva do serviço de streaming durante o primeiro ano.
Por agora, o futuro na galáxia muito distante passa mesmo pelo streaming.
Comentários