Da comédia ao drama, o actor
Tony Curtis foi um actor multifacetado que participou em mais de uma centena de filmes em cerca de 60 anos de carreira. Segundo o comunicado acabado de enviar à comunicação social por um representante da sua filha, a actriz
Jamie Lee Curtis (fruto do seu casamento com
Janet Leigh), o intérprete faleceu hoje, embora as causas ainda não tenham sido divulgadas. Sabe-se, contudo, que Curtis tinha sido hospitalizado em Las Vegas a meados de Julho na sequência de um ataque de asma, sofrido durante uma sessão de autógrafos.
Filho de imigrantes húngaros, Tony Curtis nasceu em 1925 em Nova Iorque, no Bronx, com o nome de Bernard Schwartz. Alistou-se para combater na Segunda Guerra Mundial seduzido pelos filmes de Hollywood, para onde rumaria já depois do serviço militar, em 1948, aos 23 anos, com sonhos de fama e fortuna e entusiasmado por uma curta experiência em teatro. O próprio actor assume que foi a sua visível beleza que lhe valeu o primeiro contrato com a Universal Pictures, onde adoptaria o nome artístico de Tony Curtis. O olhar azul e o rosto de feições perfeitas foram uma vantagem que o intérprete sempre soube usar a seu favor, tanto em papéis de galã como, muitas vezes, em comédias que parodiavam o próprio estereótipo.
A sua estreia no cinema dá-se em 1949 num pequeníssimo papel no «film noir»
«Dupla Traição», ao lado de
Burt Lancaster. Nos anos seguintes foi ganhando tarimba em papéis de vilão e comprovando o talento em filmes como «Sierra» e, principalmente,
«Winchester 73».
O primeiro filme em que Curtis teve realmente impacto enquanto protagonista surgiu em 1953 com
«Houdini», no papel do mítico ilusionista, na que foi a primeira das cinco películas em que contracenou com a sua então esposa
Janet Leigh.
Muito prolífico, Curtis prosseguiu carreira numa variedade de géneros, destacando-se logo a seguir interpretações elogiadas em filmes como
«Trapézio» (1956),
«Os Vikings» (1958) e, principalmente,
«Mentira Maldita» (1957), que tirou dúvidas a quem ainda as tivesse que o intérprete não era apenas uma cara bonita mas um actor para levar a sério. A comprovação definitiva surgiu logo em 1958 com
«Os Audaciosos», de
Stanley Kramer, um drama racial em que interpretava um prisioneiro em fuga agrilhoado ao negro
Sidney Poitier, e que lhe valeu a sua única nomeação ao Óscar.
Ainda em 1959, Curtis teve também um dos seus papéis mais populares de sempre, ao lado de
Jack Lemmon e
Marilyn Monroe, no filme de
Billy Wilder
«Quanto Mais Quente Melhor», por muitos considerado a melhor comédia de sempre.
Os sucessos continuaram e, entre vários filmes menos memoráveis, Curtis participou ainda em fitas como
«Manobra de Saias» (1959),
«Spartacus» (1960),
«Tarás Bulba» (1962),
«Quando Ela era Ele» (1964) e
«A Grande Corrida» (1965), culminando uma década cheia de sucessos com a interpretação fulgurante do assassino Albert DeSalvo em
«O Estrangulador de Boston», de
Richard Fleischer, em 1968.
A partir dos anos 70, a sua carreira começou a desacelerar e, embora continuasse sempre muito activo, tanto no cinema como na televisão, os papéis memoráveis foram-se tornando muito escassos. A série televisiva
«Os Persuasores», que protagonizou com
Roger Moore entre 1971 e 1972, ainda fez bom uso da sua popularidade, mas a partir daí os papéis de relevo foram desaparecendo, restando quase sempre aparições de luxo em fitas como
«O Espelho Quebrado» (1980).
A popularidade pública de Curtis, porém, nunca diminuiu, quer pela relevante carreira como pintor que iniciou a sério no início dos anos 80, quer pelas várias relações amorosas que sempre foi tendo, dentro e fora dos seus seis casamentos. A sua última esposa, Jill Vandenberg Curtis, com quem casara em 1998, era 42 anos mais nova que ele.
Curtis teve cinco filhos dos diferentes casamentos, a mais célebre das quais é a actriz
Jamie Lee Curtis, popularizada em filmes como
«Halloween: O Regresso do Mal» e
«Os Ricos e os Pobres».
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