Tal como o anterior "The Gentlemen - Senhores do Crime" (2019), "Um Homem Furioso" devolve Guy Ritchie a territórios que conhece bem - os do thriller de ação urbano - depois das aventuras de "Alladin" (2019) e "Rei Artur: A Lenda da Espada" (2017). E também marca o reencontro do realizador britânico com um ator revelado nos seus primeiros filmes, "Um Mal Nunca Vem Só" (1998) e "Snatch - Porcos e Diamantes" (2000), para muitos ainda os títulos de referência de um percurso que saiu de bairros britânicos para dar a volta ao mundo (com viagens entre épocas incluídas).
"Este homem deu-me uma carreira há 22 ou 23 anos", reconhece Jason Statham ao SAPO Mag num encontro virtual com meios internacionais. O ator britânico, que entretanto se tornou um dos símbolos do cinema de ação global, continua a apontar Ritchie como um caso à parte - e com o qual não filmava desde "Revólver" (2005). "É um realizador muito confiante. É um autor: cria, filma, monta... É um espetáculo de um homem só. É isso que o distingue. Há muito poucos realizadores com a capacidade de escrever e de criar personagens como o Guy".
Josh Hartnett, recém-chegado ao universo de Ritchie, uma vez que "Um Homem Furioso" assinala a sua primeira colaboração com o britânico, tende a concordar. "É muito diferente de outro realizador com quem já trabalhei", assinala o ator norte-americano. "Tem uma ideia muito clara de como quer fazer o filme. Insiste em dizer qual vai ser o tom", diz, assinalando, no entanto, que há sempre espaço para alterações no caminho. "Os diálogos e a dinâmica das cenas foram sofrendo mudanças até ao último segundo".
Um golpe, uma vingança e "um tom mais pesado"
Versão de "Le Convoyeur" (2004), filme do francês Nicolas Boukhrief (2004), "Um Homem Furioso" ambienta-se não no Reino Unido - cenário habitual nos thrillers de Ritchie - mas nos EUA, e em Los Angeles em particular. O protagonista, encarnado por Statham, é o novo funcionário de uma empresa de transporte de valores que tem de atravessar a cidade com uma carrinha blindada e recheada de dinheiro, tarefa que acende o rastilho para aquela que acaba por ser uma história de vingança.
Hartnett avança que este é um filme "mais negro, com um tom mais pesado, mas ainda tem rasgos da perspicácia do Guy Ritchie, uma certa musicalidade". Statham, fiel à sua imagem de marca, mostra-se mais taxativo. "Traz o que estamos à espera. Quem vir o trailer já fica a saber com o que contar. Não é preciso ser um cientista para adivinhar o tom deste filme".
Embora o elenco inclua ainda Scott Eastwood, Holt McCallany, Jeffrey Donovan, Laz Alonso, Raúl Castillo ou até o cantor Post Malone, Hartnett realça que "Um Homem Furioso" vive muito da sinergia entre o realizador e o ator principal. "O Jason fez tantos filmes nos últimos dez anos que o tornaram numa entidade própria, numa mega estrela de cinema... e é muito bom nisso. E o Guy sabe-o muito bem, eles conhecem-se muito bem e sabem trabalhar juntos. Isso faz com que o melhor do Jason venha ao de cima e com que o Guy se sinta muito confortável com um ator principal no qual confia".
Harnett diz também que essa dinâmica também "revelou o melhor do Guy, permitiu-lhe fazer coisas diferentes e levou a uma experiência de colaboração que é muito entusiasmante testemunhar enquanto ator". E confessa que viveu "um período divertido durante alguns meses, a criar diálogos e a dizer coisas que provavelmente nunca diria na vida real".
Statham admite que tem "um carinho especial por este tipo de filmes. Se não estiver neles, ainda melhor", realça entre risos. "Acho-os empolgantes, deixam-me aos saltos na cadeira, têm muita tensão e ótima ação", explica. "Quem gosta de filmes do golpe ou de vingança tem de ver este filme. É uma ótima versão que junta os dois géneros".
Trailer de "Um Homem Furioso":
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