O estúdio Warner Bros. (WB) vai ser processado por alegada quebra de contrato pela produtora de "Matrix Resurrections".
Em causa a decisão de disponibilizar o filme ao mesmo tempo nas salas e na plataforma de streaming HBO Max: na ação judicial colocada numa instância superior do Tribunal de Los Angeles esta segunda-feira, a Village Roadshow, um parceiro de muitos anos do estúdio, alega que a WarnerMedia prejudicou as perspetivas comerciais do quarto filme da saga ao favorecer o streaming.
"Apesar de saber muito bem que isso poderia afetar as receitas de bilheteira do filme e privar a Village Roadshow de qualquer vantagem financeira que a WB e as suas afiliadas desfrutariam", acusa o processo.
Segundo os dados disponíveis, o saldo é um fracasso comercial: as receitas de bilheteira mundiais ficaram pelos 153,43 milhões de dólares desde o lançamento a 10 de dezembro, contra um orçamento de 190 milhões, sem incluir a promoção.
No início de fevereiro, as receitas foram de 37 milhões nos EUA. O primeiro filme, lançado em 1999, arrecadara 172 milhões.
Também é alegado que, apesar de mais de 25 anos de colaboração na produção e distribuição de 91 filmes, em que a Village Roadshow pagou à Warner mais de 4,5 mil milhões de dólares, o estúdio está a tentar excluir a produtora dos seus direitos legais de manter ou cofinanciar sequelas, prequelas, "spin-offs" e outros projetos em que ambos são co-proprietários.
No processo são criticados "os esforços coordenados, deliberados e consistentes da WB para eviscerar o valor significativo da propriedade intelectual da Village Roadshow”.
Recorde-se que, por causa do impacto da pandemia, a WarnerMedia, o grupo de entretenimento do qual a Warner Bros. é subsidiária, anunciou em dezembro de 2020 que iria lançar os seus 17 filmes de 2021 ao mesmo tempo nas salas e na HBO Max nos primeiros 31 dias.
A nova política foi criticada por produtoras e outros parceiros, incluindo pelo cineasta Christopher Nolan, que apesar de não ser afetado, colocou fim a uma relação profissional de 18 anos.
Segundo a imprensa especializada, a produtora Legendary Entertainment, responsável pela nova versão de "Dune" e “Godzilla vs. Kong”, terá ponderado também avançar para os tribunais, assim como outros cineastas e parceiros de produção.
Isso acabou por não aconteceu, em parte porque a Warner terá gasto cerca de 200 milhões de dólares em compensações pelas receitas perdidas nas bilheteiras e o lançamento em simultâneo em streaming.
Este é o capítulo mais recente de uma batalha crescente entre aqueles que desejam lucrar com os lançamentos nos cinemas e os estúdios de Hollywood que desejam aumentar o número de subscrições nos seus serviços de streaming.
Outros estúdios também optaram pelo lançamento simultâneo ou com menos tempo de intervalo e a Disney chegou a ser processada por Scarlett Johansson em julho de 2021 para receber a compensação financeira a que entendia ter direito por "Viúva Negra".
As duas partes chegaram a acordo dois meses depois e embora os termos concretos não tenham sido divulgados, circula a informação que o estúdio terá aceite pagar à atriz mais de 40 milhões de dólares.
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