A HISTÓRIA: Lily viaja de Londres para a selva Amazónica e recruta os serviços questionáveis ​​de Frank, para a guiar pelo rio abaixo, no La Quila – o seu charmoso barco que se está a desfazer. Ela está determinada a encontrar uma árvore antiga com capacidades de cura inigualáveis, que pode mudar o futuro da medicina. Impulsionados por esta jornada épica, a improvável dupla vai encontrar inúmeros perigos e forças sobrenaturais, todos à espreita na beleza enganadora da exuberante floresta tropical. Mas à medida que os segredos da árvore vão sendo revelados, os riscos tornam-se cada vez maiores para Lily e Frank e o seu destino, assim como o da humanidade, estará em jogo.

"Jungle Cruise - A Maldição nos Confins da Selva": nos cinemas a partir de 29 de julho e no Disney+ com Acesso Premium a um custo adicional único a partir de 30 de julho.


Crítica: Daniel Antero

"Piratas das Caraíbas", "A Casa Assombrada" e "Tomorrow Land"... já são várias as experiências cinematográficas da Disney feitas para promover e potenciar a propriedade intelectual disponível nos seus parques temáticos.

São passeios, carrosséis e montanhas-russas; são aventuras à espera de personagens e de uma boa história, prontas para serem assimiladas numa atmosfera de adrenalina transportada por carris até à sala de cinema. Ou neste caso, para as nossas casas através do Disney+ com Acesso Premium.

"Jungle Cruise" é a mais recente entrada neste espólio da feira popular da Disney, a partir do parque original de 1955 e uma viagem pelo rio e pela selva, com perigos animalescos, exotismo e sobrenatural. Realizado por Jaume Collet-Serra, realizador conhecido pelo seu pulso para o horror, a adaptação ao cinema é como subir a montanha-russa de mão dada com um par romântico e depois vir por aí abaixo aos choques e solavancos. Nuns, sente-se o aperto e o frio na barriga, noutros, nem se liga e vai apreciando a paisagem.

Com Emily Blunt, Jack Whitehall e Dwayne Johnson, este é um filme romântico e aventureiro, com picardias na ponta da língua e espírito arredio na ponta dos pés, que procura assumidamente atingir a magia de filmes como "Os Salteadores da Arca Perdida", "Em Busca da Esmeralda Perdida" ou até "A Múmia" de 1999. E também o charme de clássicos como "A Rainha Africana" (1951, de John Huston) ou a demência de "Aguirre, a Cólera de Deus" (1972, Werner Herzog).

As intenções são as melhores e o espírito dinâmico e aspiracional envolve-nos desde o início. A crença e persistência da Dra. Houghton (Blunt) e a alegria e sacanice de Frank Wolff (Johnson), bem como a peculiaridade maquiavélica do Príncipe Joachim (Jesse Plemons), fazem-nos querer tirar o bilhete para este cruzeiro: à nossa "esquerda", poderemos ver a aventura misturar-se com elementos sobrenaturais e ouvir as "dad jokes" de Wolff, que estão na mouche; à nossa "direita", o romance carismático prazeroso entre Wolff e Houghton que não dá muito em que pensar e, lá mais para a frente, atenção à primeira personagem da Disney a assumir-se gay num filme "live-action": MacGregor Houghton (Jack Whitehall).

Com tudo isto, havia apenas que recostar e apreciar a paisagem, mas a lista interminável de pontos-chave que têm de ser preenchidos para estabelecer o paralelismo com a montanha-russa real da Disney e o seu ethos, bem como a dificuldade criativa de escrever algo original, acabam por não nos deixar saborear a viagem na sua plenitude. Hipercinético, com sequências de ação repletas de CGI a jorrarem umas após outras (alguns elementos instáveis e por polir), avançamos por quedas de água mortíferas, pistas arqueológicas crípticas, lendas de conquistadores amaldiçoados - que são "rip off" da tripulação de Davy Jones dos "Piratas das Caraíbas"... temos os lugares-comuns de um estilo que adoramos e queremos que seja reavivado, mas não gasto.

Apesar de tudo, "Jungle Cruise" aguenta-se no seu escapismo, proporcionando boa companhia, ritmo, alegria pateta e piadas secas de olho a piscar, guiando-nos rio abaixo com aventura e segurança, dando-nos coragem para repetir a viagem.