"Correio de Droga" é um "road movie" e um drama criminal sobre um horticultor falido e solitário que aceita a oportunidade de uma vida... do lado errado da lei.

Escrito por Nick Shenk - que se inspirou no artigo “The Sinaloa Cartel´s 90-Year-Old Drug Mule”, de Sam Dolnick, publicado no New York Times - narra as crónicas de viagem de Earl Stone (Clint Eastwood), que começa a transportar droga pelas ruas da América.

Enquanto homem que passou o tempo a viajar de convenção em convenção floral, Earl tem aqui uma segunda vida, rejuvenescendo, pois sobra-lhe descontração na estrada e conhecimento dos melhores recantos para uma boa refeição ou distração nocturna.

Somente a culpa do passado e o isolamento lhe vão pesando e assim que o pagamento aumenta, Earl aproveita o dinheiro para (a)pagar as suas dívidas morais, redimindo-se dos anos afastados da família e até aproveitando para apoiar negócios de amigos veteranos.

Mas estes tempos serão curtos pois o agente da DEA [Agência de Drogas dos EUA] Colin Bates (Bradley Cooper) está no seu alcance.

Realizado e protagonizado por Eastwood, "Correio de Droga" é um filme eficiente na narrativa e económico na edição, incisivo nos diálogos, onde sequências curtas, por vezes de motivo repetido, enquadram a naturalidade da rotina e a força da figura única de Eastwood, num papel que é a inversão daquele que apresentou em "Gran Torino".

Aqui, Eastwood como Earl, é racista e sexista, mas tem uma natureza fácil, leve, cheia de panache, sem filtro no que diz, mas com graça, sorrindo com sarcasmo quando é educadamente corrigido pelas suas afirmações. Claro, algo nada inocente neste realizador octogenário vivaço, que aproveita para mandar estocadas aos preconceitos raciais da América. Alguém desconfiava que um velho branco era o maior “mule” de um cartel ?

Talvez não e por isso o filme foca-se mais no caminho da redenção de Earl e da surpresa algo abafada dos agentes interpretados por Bradley Cooper, Michael Peña e Laurence Fishburne, em detrimento da tensão que a caça ao homem pode sempre proporcionar no cinema.

"Correio de Droga" é um passeio na estrada em velocidade cruzeiro onde a intriga e o final não se adensam ou entram em velocidade vertiginosa. Não são mais do que uma paragem no meio da auto-estrada, para apreciar a vista.

"Correio de Droga": nos cinemas a 31 de janeiro.

Crítica: Daniel Antero

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