Nos anos 60, quando começou a gravar para a editora Atlantic Records, Solomon Burke foi capaz de criar canções que se tornaram rapidamente sucessos. Ainda assim, o rapaz que começou como pregador e que passou a compôr e a cantar sobre corações partidos como só os maiores do soul o fazem, nunca conseguiu dar o salto que outros, como Otis Redding ou Sam Cooke, deram.

Burke viu músicas que gravou tornarem-se ainda mais populares na voz de outros. Primeiro, a sua "Down on the Valley" foi “roubada” por Otis Redding, enquanto que o clássico “Everybody Needs Somebody to Love” foi regravado ainda no ano de lançamento original, em 1964, pelos Rolling Stones, que a transformaram num sucesso. Mesmo em relação a “Cry to me”, outro dos seus maiores êxitos, a maior parte das pessoas associa-a mais a Patrick Swayze e Jennifer Grey embrulhados no filme Dirty Dancing do que ao autor da canção.

Mesmo assim, Solomon Burke foi sempre reconhecido pelos pares ao longo das décadas. Já em 2002, lançou um álbum, que acabaria por ganhar um Grammy nesse ano, que contava com canções escritas propositadamente para ele por gente pouco suspeita como Bob Dylan, Elvis Costello ou Tom Waits.

Agora é a vez de contar com a colaboração de Joss Stone, que apesar de já ter 4 discos editados continua a ser para muitos uma jovem promessa. Um problema compreensível dados os seus singelos mas preenchidos 23 anos de idade.

A inglesa, que venceu um concurso de talentos com a sua voz inexplicavelmente madura, tem cantado em dueto (e quase em pé de igualdade) com Burke nestes últimos concertos clássicos como “Midnight Train to Georgia” ou “People Get Ready” mas também algumas músicas suas.

Burke lançou ainda este ano um novo álbum, “Nothing’s Impossible”, e tem apresentado a sua música um por todo o mundo, mesmo que alguns problemas de saúde o obriguem a ficar sentado no seu trono durante os espectáculos. O mesmo não se passa, a contar com os testemunhos, com aqueles que assistem aos seus espectáculos...

@Frederico Batista