O álbum é apresentado no sábado, às 21:30, no Museu do Fado, em Lisboa, com a participação dos seis fadistas que fazem parte da coletânea, e que serão acompanhados por Sidónio Pereira, na guitarra portuguesa, e João Penedo, na viola.

“O CD reúne três temas por cada intérprete, tendo havido a preocupação de escolher os que fossem mais representativo do processo de residência artística no Povo”, explicou à Lusa Alexandre Cortês.

Os jovens fadistas estão em residência artística no espaço Povo, durante o qual “tomam conhecimento mais aprofundado com o universo fadistas e são incentivados a descobrir a sua própria individualidade artística”.

“A par do fado tradicional, nomeadamente as suas melodias, os jovens fadistas são também desafiados a experimentar coisas novas, a trazerem outros instrumentos para fado e até outras melodias - há neste CD exemplos de tango e flamenco”, acrescentou.

No final da residência, o fadista grava um CD que reflete esse seu estágio no Povo, durante o qual canta e apresenta inéditos ou experimenta melodias que não conhecia.

Cortês, reconhece que muitos fadistas "quando chegam à residência conhecem um número muito limitado das melodias fadistas e quase sempre cantam os fados mais conhecidos do grande público".

Relativamente à “Compilação fadistas do Povo”, o programador cultural afirmou à Lusa que outro fator do critério de seleção “foi a participação de músicos de outras áreas musicais, e a qualidade poética, tendo em conta a grande ligação entre o fado e a palavra dita”.

Os fadistas que integram a coletânea são Ana Roque, Jorge Baptista da Silva, Nádia Leirião, Fernanda Paulo, Gustavo Pinto Basto e Cristina Andrade, acompanhados por Sidónio Pereira e João Penedo, contando ainda com os convidados Pedro Carneiro Silva (piano), Celina da Piedade (acordeão), Raquel Reis (violoncelo) e João David Almeida (guitarra).

Alexandre Cortês faz um balanço “extremamente positivo” do projeto que e já foi retomado este ano, estando atualmente a residir no espaço Povo, ao Cais do Sodré, em Lisboa, a fadista Marta Rosa.

“Uma das mais-valias é que desenvolvam a sua própria personalidade e que esta se marque pela diferença, por outro lado, notamos que para todos os que passaram pelo Povo, este foi uma rampa de lançamento, estando atualmente integrados em muitos cartazes das noites de fado”, afirmou.

Para o programador trata-se de “reatar e atualizar” uma tradição, a dos espaços de convívio em que à música se junta a poesia e a gastronomia.

Celebrando um ano de um outro projeto, que também a acontece no Povo, dedicado à poesia, na próxima segunda-feira, às 22:00 no restaurante Povo, ao Cais do Sodré, é apresentada a primeira antologia “Poetas do Povo”.

“Esta antologia reflete as sessões que desde há um ano acontecem todas as segundas-feiras no Povo, em que são convidados músicos, atores, declamadores e poetas. Cultivamos a palavra numa sessão de tertúlia, sempre subordinada a um tema”, explicou à Lusa Cortês.

O programador afirmou que este projeto “nada tem a ver com o universo fadista, apesar de, numa das sessões do ano passado, o tema ter sido ‘Fado e Poesia’”.

A antologia “Poetas do Povo: Ano I” inclui originais de Nicolau Santos, Richard Zénith, André Gago, António Poppe, Miguel Manso, Rui Zink, Edson Athayde, Paola D’Agostino, entre outros.

“É uma forma de assinalar o primeiro aniversário da iniciativa que, todas as segundas, promove o encontro entre a tradição da poesia escrita e dita e as novas formas da sua expressão”, realçou Alexandre Cortês.

@Lusa