À primeira audição do disco, a primeira impressão é a de quem reconhece que a pressa é inimiga da perfeição. E para nós dizemos que ainda bem que Feist se afastou um ano e ainda bem que parou para escrever, para respirar, para se organizar. Depois juntou-se aos amigos do costume - Chilly Gonzalez e Mocky – e plantou tudo no disco «Metals».

Ao contrário do disco anterior, «The Reminder» (2007), composto quase na totalidade enquanto Feist andava em digressão, em «Metals» a cantora e compositora decidiu isolar-se durante um ano e meio. Cinco anos depois de «The Reminder»,«Metals» soa a uma Feist que se agarrou ainda mais à guitarra e àquilo que faz dela única. As suas emoções, as suas histórias e as de quem a rodeia, a atenção a uma árvore que dança ou a um mundo que não pára.

Nas novas músicas há arranjos que parecem pensados ao pormenor, sons e instrumentos que remetem para a passagem do tempo, num equilíbrio nada frágil entre o positivo e o negativo. Talvez por isso Feist já tenha explicado que não sente este disco como sombrio, mas apenas íntimo.

Num espaço gigante em Big Sur, na Califórnia, Feist e os amigos (que é como quem diz os músicos que colaboram no disco) voltaram a criar um disco robusto e orgânico, feito numa espécie de comunhão de criatividade (e já o tinhamos comprovado com o documentário «Look at What The Light Did Now» onde espreitamos o processo de criação do anterior «The Reminder» numa mansão francesa).

«Metals» já começou a viver nos palcos. Os primeiros vídeos que, já vai sendo norma, escapam para a internet, prometem. Feist e a guitarra, Feist e os coros, Feist, a mulher com cara de anjo que é um furacão, Feist e os temas que esperam por ganhar forma com o público à sua frente. Há até um tema, «Graveyard» (cemitério) cujo refrão parece dizer: “vá, cantem lá comigo”. Uma espécie de festa no cemitério que esperamos que chegue rapidamente a Portugal.

@ Vera Moutinho