Videoclip de "I Don't Believe A Word You Say":
E quando falamos do lado escuro de Ben Harper referimo-nos, por exemplo, à segunda cancão do álbum, “I'm In, I'm Out, I'm Gone” (em que o vocalista canta versos como “The preacher thought to himself/ ‘The devil takes cares of his own’“ ou “Preacher said, ‘Careful talkin’ to yourself/ You may be listenin’”).
Tal como em muitos discos de Ben o gospel não fiou de fora e encontamo-lo no arrepiante refrão de “We Can't End This Way”, num caso em que as vozes e as palmas casam os elementos gospel com as guitarras e a harmónica mais blues.
Quem temer que “Get Up!” ameaça tornar-se num álbum pouco frenético encontra boas alternativas em “I Don't Believe a Word You Say”, com riff a fazer lembrar Led Zepplin, e “Blood Side Out”, um rock blues que agradará a qualquer fã de Jack White ou dos Black Keys.
Embora seja tudo bom, um dos temas que mais se destaca é o belíssimo “Ride at Dawn”. Aqui não escutamos a harmónica de Musselwhite e o protagonismo vai todo para a voz e a guitarra slide de Ben Harper, numa canção que entraria facilmente na banda sonora de um western spaghetti.
“Get Up!”, música que dá nome ao disco, também merece ser destacada, não só pela mistura funk e blues, que mais tarde se transforma numa espécie de jam session, mas também pela letra, uma das mais incisivas do alinhamento (“Don’t tell me a I can’t break the law/ cause the law has broken me”, canta Harper).
“Get Up!” é, assim, uma fantástica colaboração entre dois artistas de épocas diferentes cujo resultado não poderia ser melhor. Ben Harper encontrou em Charlie Musselwhite o desafio que precisava para elevar o seu jogo e Charlie tem na voz de Harper a porta para uma nova geração.
Arriscando alguma futurologia, quase podemos garantir que no final de 2013 esta colaboração não será esquecida e o álbum estará entre os melhores do ano. Se isso não acontecer, tanto melhor: é sinal de que este será um ano musical muito acima da média.
@Edson Vital
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