No espetáculo, o pianista irá contar com as participações de Surma, do percussionista Iuri Oliveira e de Jorri (dos a Jigsaw), num concerto em que procura fundir a música com a imagem, contando com um enquadramento cénico de Ângela Bismarck, que irá recorrer também aos elementos estéticos do disco, que são da responsabilidade da artista plástica Inês Moura.

“Há uma tentativa de fusão num objeto único”, disse à agência Lusa Hélder Bruno.

O pianista, associado à música erudita contemporânea, mas de difícil rotulagem num único género, assume que o seu terceiro trabalho é também aquele onde se encontram universos estéticos mais diferentes e diversos, até pelos músicos que convidou para o álbum, gravado na conimbricense Blue House.

“Queria que a diversidade estivesse ainda mais presente, até por questões sociopolíticas. Poderemos estar num retrocesso e é essa diversidade que nos torna maiores e mais fortes”, explicou.

Se no passado já foi rotulado de “indie classical” por uma crítica holandesa, Hélder Bruno continua confortável nesse campo, ainda para mais num disco onde é mais assumido “o formato de canção” em todos os oito temas ou esculturas de som criados para este disco e onde vai beber ao vocabulário de géneros que foi ouvindo ao longo da vida – do rock alternativo ao jazz ou à música experimental.

“Cada tema é a descrição de uma escultura construída no éter”, disse, referindo que os próprios títulos induzem ou evocam a canção que se vai ouvir.

No próprio processo criativo, surgiu, por vezes em primeiro lugar, o título e tema que procurou depois esculpir a partir do piano, já noutros momentos, são elementos rítmicos, melódicos ou harmónicos que ditaram o título da peça, esclareceu.

“Não procuro uma música académica. A emoção tem um papel importante e, na minha música, procuro que haja esse momento de contemplação”, afirmou.

O concerto no TAGV decorre na sexta-feira, às 21:30.

Hélder Bruno, natural de Coimbra, é compositor e etnomusicólogo, tendo editado no passado “A Presença, Serena e Terna” (2018) e “Under a Water Sky” (2022).

Ao longo da sua carreira, trabalhou com artistas como Jorge Palma, Né Ladeiras ou Rodrigo Amado, sendo também autor do livro “É jazz quando me chegam lágrimas aos olhos - José Duarte (1938-2023)”.