Além da vocalista dos Clã, vai estar em palco outro elemento da banda, o guitarrista Hélder Gonçalves, além dos bailarinos Joana Castro e Valter Fernandes, sob direção cénica de Victor Hugo Pontes, outro colaborador de longa data do grupo.

“Fui buscar dois cúmplices para as duas coisas. Para a parelha musical, o Hélder, com quem me entendo muito bem há muitíssimos anos e em quem confio absolutamente nas escolhas que faz, na maneira como estica a corda nesses desafios, e o Victor Hugo Pontes, que é nosso cúmplice já desde 2004, em várias vertentes”, disse à Lusa Manuela Azevedo.

Quando do convite por parte do Centro Cultural de Belém, a artista decidiu que havia uma coisa que “não podia fazer” e outra que “não queria fazer”: “A que eu não podia fazer era envolver os Clã aqui, porque nós tínhamos acabado de sair de um processo de gravar um disco novo, de preparar uma digressão nova e era muito injusto estar a pegar neles e a pô-los num processo criativo. (…) A que eu não queria fazer tinha que ver com a ideia de construir um espetáculo que fosse mais previsível, as canções da minha vida, a cantora Manuela Azevedo”.

Depois da escolha do conceito e dos seus “cúmplices”, o próximo passo passou a ser a escolha de repertório, que teria de estar ligado ao tema a desenvolver e ao som “bastante minimal” a ser criado em palco, despido de banda.

“Ainda não está completamente fechado o repertório. Eventualmente teremos duas canções dos Clã, há algumas canções em português inevitavelmente. Para nós era muito importante passar a ideia do conceito às pessoas e a melhor maneira é também através da compreensão do texto e, se for em português, é mais fácil”, explicou a artista.

De um total de 50 canções selecionadas passou-se para menos de metade, tendo sido descartados temas tão distintos como “They are in Love”, do ex-Talking Heads David Byrne, ou “Amor de Parceria”, de Noel Rosa.

“Algumas foram retiradas porque falavam ambas da mesma coisa, e havia uma que era mais clara; outras ficaram pelo caminho, porque esse exercício de as tornar mais cruas não funcionava. E, depois, também foi uma escolha feita um bocado a três, pensar com o Victor e com o Hélder o que é que eles achavam mais interessante”, disse Manuela Azevedo, que, durante o ensaio pediu à Lusa - entre risos - para não divulgar o nome das canções todas, para que as surpresas ainda fossem possíveis aos eventuais espectadores.

Para Manuela Azevedo, o “trabalho em parceria é das coisas mais maravilhosas e mais ricas”, o que a levou a usar a ideia de “Coppia”, uma palavra que chegou a estar numa lista de nomes para álbuns dos Clã, para “usar esse conceito (…), tendo duas ‘coppias’ em cena, que pudessem servir de eco uma da outra, de sombra uma da outra, de complemento, até de oposto uma da outra”.

@Lusa