
Durante cerca de uma hora, o cantautor mostrou o novo trabalho mas revisitou também a discografia anterior. Depois da aventura pelo rock & roll e por sonoridades mais blues, “Common Ground” surge mais trabalhado com a voz de Shahryar em evidência. “A voz é o fio condutor que dá coerência ao disco (…) Há mais espaços, houve uma consciência para preservar esses espaços e uma consciência que quer preservar a narrativa”, explicou ao SAPO Música, horas antes do concerto.
O nome, claro, dá logo a sensação de rompimento com o trabalho anterior. Depois de “Songs of The New Heart” ou de “Songs of Distance” podíamos esperar o fim de trilogia mas não foi assim que aconteceu. “Common Ground” é um rompimento propositado que esteve sempre presente “a nível da estética”. “Quis arriscar novos territórios estéticos e novas geografias”, explicou o músico.
Nos primeiros acordes do concerto, “Hold Me Awhile”, “Common Ground” e “Dog At Your Door” põem em evidência a sua voz, mas é nesta última canção que Shahryar deixa sobressair todo o soul e blues por detrás da sua música. Em “Wasteland” Mazgani mostra o seu lado mais aguerrido ao abanar a cabeça e o corpo em jeito de rock & roll e assumindo grande intensidade com ritmos e passagens mais frenéticas. “Distant Gardens” arranca suspiros e “ais” da pequena plateia, não fosse o single de apresentação do novo álbum.
Produzido na íntegra por John Parish (produtor de PJ Harvey) e Mick Harvey, (sim, porque Mazgani privou com estes dois colossos musicais durante dez dias num estúdio em Bristol). “Common Ground” é fruto da “química” entre os três, como contou ao SAPO Música. “Estabelecemos um primeiro contacto e aí criámos logo uma ligação. Encontrámo-nos num almoço no Bairro Alto que serviu para criamos empatia e ver se havia química. Depois o processo decorreu de uma forma descontraída”, revelou.
Uma semana e meia após o lançamento do terceiro álbum, o cantautor não poderia sentir-se mais acarinhado. “Até agora o mundo tem sido muito hospitaleiro com o disco, os amigos mostram-se entusiasmados, a crítica tem sido muito generosa”, revela.
Mazgani anunciou para já três concertos de apresentação em Portugal (11 de maio no Centro Cultural Vila Flor, 17 de maio no Centro Cultural de Belém e 7 de junho em Almada). Depois disso prepara também uma digressão por vários países, ainda por definir.
Ao vivo, “Common Ground” deixou a audiência a interpretar as histórias de Mazgani. E o artista quer precisamente isso, que seja quem ouve a interpretar as suas histórias, todas escritas pelo próprio neste último álbum. “As histórias assentam nas minhas experiências, mas prefiro que a canção sirva a quem vier, aos ouvintes, por isso não gostaria de ser eu a fazer nenhuma interpretação”.
A julgar pelos sorrisos no final do concerto, as histórias de Mazgani parecem, pelo menos, ter sido bem recebidas.
@Catarina Osório
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