O cantor Nuno Guerreiro, vocalista da Ala dos Namorados, morreu hoje aos 52 anos, em Lisboa, disse à Lusa fonte oficial da Câmara Municipal de Loulé.

O músico morreu num hospital em Lisboa, onde tinha dado entrada na quarta-feira, segundo a mesma fonte.

De acordo com o Cineteatro Louletano, onde Nuno Guerreiro colaborava na área de produção, o artista morreu esta quinta-feira, às 14h21, no Hospital de São Francisco Xavier, devido a uma infecção grave.

A notícia foi inicialmente avançada no Facebook pelo presidente da câmara de Loulé, Vítor Aleixo. "Morreu Nuno Guerreiro. Estamos destroçados. A Câmara Municipal de Loulé emitirá um comunicado nas próximas horas", escreveu o autarca.

"Não queremos acreditar. Depois de momentos tão bons que passaste com a nossa filarmónica. Descansa em paz Grande Nuno. Como fazias questão de dizer: Eu sou um Guerreiro. Nunca te esqueceremos", escreveu a  Banda da Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva de Loulé nas redes sociais.

Na sua conta no Instagram, o maestro Rui Massena recordou o amigo. "Partiu um amigo, com uma voz excepcional. Nasceu cedo demais para um país conservador e com pouca escala artística. O Nuno foi uma pessoa livre, e um dos melhores seres humanos que conheci. Até sempre", escreveu.

Nuno Guerreiro tornou-se conhecido como vocalista da banda Ala dos Namorados, onde interpretou temas como “Solta-se o Beijo” e “Loucos de Lisboa”.

O músico também se destacou a solo, tendo editado os discos"Carta de Amor" (1999), "Tento Saber" (2002) e "Gangster Mascarado" (2011), que contou com uma versão de "Tento Saber" com Liliana Almeida e vários temas originais, como "Diz Criminação", "Guida (Foste Embora e eu nem vi)" ou "A Guerra (espreita-me o fim)".

Em 2022, o artista lançou "Na hora certa", que contou com a colaboração de Pedro Jóia e do letrista Tiago Torres da Silva. O álbum conta com temas como "Ser quem sou", "Do lado errad", Duplo sentido”, “Ladrão” ou “Ir em cantigas".

Já em dezembro de 2024, com os Ala dos Namorados, o músico lançou  "Brilhará". Além dos singles "Eu Só Sei Cantar Assim" e "Marcha Erasmus", o disco conta com mais nove canções, com letras escritas por João Gil, Maria do Rosário Pedreira, Fernando Pessoa, Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Zeca Baleiro, Nicolau Santos, Mário Rosa, Margarida Gil e Vicent Degiorgio.

No comunicado de lançamento do disco do grupo, Nuno Guerreiro conou  que "estes anos todos de vida artística, de tantos palcos e públicos significam para mudança, brilho, leveza e esperança". "Eu mudei! Tudo isso se sente neste disco. Uma entrega emocional e física que se ouve em cada interpretação amadurecida pelos degraus e desafios da vida. Que belas são as canções e seus autores. Que privilégio! Que músicos sensacionais fazem parte delas", escreveu no final de 2024.

Ao longo da carreira, o artista participou em diversos projetos, nomeadamente em Zeca Sempre, ao lado de Olavo Bilac, To Zé Santos e do produtor Vítor Silva.

" Outro dos bons que partiu. Estou prostrado. Ainda há dois dias estava a efectivar com ele a presença no DEAFest - o meu festival no Luxemburgo, e para a semana tínhamos concertos de Zeca", confessou To Zé Santos ao SAPO Mag.

Maestro Rui Massena recorda Nuno Guerreiro:
Maestro Rui Massena recorda Nuno Guerreiro:

Em março, em entrevista ao A Voz do Algarve, o artista apresentou um novo projeto, o Nuno Guerreiro & Mau Feitio, tendo dado vários concertos com os músicos Ricardo J. Martins, João Palma, Vítor Bacalhau e Vasco Moura.

Ao jornal, Nuno Guerreiro confessou sentir-se realizado profissionalmente. "Olho para trás e vejo um percurso bonito, feito de trabalho, dedicação e muitas conquistas. Já fiz tanto... Concertos inesquecíveis, colaborações com artistas que admiro, experiências que me enriqueceram como músico e como pessoa. Mas, ao mesmo tempo, ainda sinto que há muito por fazer. Há sempre novos desafios, novos caminhos a explorar. A arte não tem um ponto final, é um ciclo contínuo, e eu ainda tenho muita coisa para dizer através da música", frisou.

Já a nível pessoal, o artista disse que, "às vezes sentia um vazio". "Como dizia a Amália, 'há sempre um vazio inexplicável'. Acho que faz parte de quem vive da arte. Há uma inquietação constante, um desejo de criar, de encontrar algo que nem sempre sabemos definir. É como se estivéssemos sempre à procura de uma melodia perfeita, de um verso que ainda não foi escrito, de uma emoção que precisa de ser traduzida em música", confessou na entrevista publicada em março de 2025.