Surgem também novos ciclos como o Músicas do Mundo – que trará intérpretes que cruzam expressões eruditas com tradições de vários continentes – e as transmissões em directo e em alta definição de 11 produções da temporada da Metropolitan Opera de Nova Iorque, no Grande Auditório.

Como pano de fundo desta temporada, a primeira programada pelo novo director do Serviço, Risto Nieminen, estará a figura de Gustav Mahler, anunciadora da modernidade, através de uma série de concertos Mahler + que inclui não só obras do compositor austríaco, mas também de compositores que o marcaram, seus contemporâneos, e obras que sofreram influência da sua música. Será um excelente pretexto para vários concertos e para a vinda a Portugal de outras duas Orquestras Sinfónicas: a San Francisco Symphony, dirigida por Michael Tilson Thomas e a Orquestra Juvenil Gustav Mahler que regressa este ano com o maestro Philippe Jordan, com a participação dos cantores Thomas Hampson e Burkhard Fritz.

Várias outras orquestras serão convidadas a actuar no Grande Auditório, como a Orquestra Sinfónica do Porto, o Ensemble Intercontemporain ou a Orchestre des Champs-Élysées. Como habitualmente, a Orquestra Gulbenkian e o seu maestro titular, Lawrence Foster, ocupam um papel central na programação realizando um total de 60 concertos, contando também, num grande número de espectáculos, com a participação do Coro Gulbenkian. A Orquestra vai actuar com solistas de renome como Evgeny Kissin, Arcadi Volodos, Christian Zacharias, Jean-Guihen Queyras, Christian Tetzlaff, Nikolaj Znaider e Sequeira Costa.

No âmbito dos projectos educativos, a orquestra interpreta vários Concertos para a Família, como por exemplo, O Retábulo do Mestre Pedro, dirigido por Joana Carneiro, numa versão cénica de José Ramalho com as Marionetas de Lisboa, ou o Peer Gynt de Grieg, dirigido por Osvaldo Ferreira, com adaptação e direcção cénica de José Wallenstein. Por seu lado, o Coro, dirigido por Jorge Matta participa na sessão Vem Cantar Jazz com o Coro Gulbenkian, com a participação dos irmãos Moreira entre vários outros músicos de jazz. De referir ainda um novo formato na apresentação dos solistas da Orquestra Gulbenkian, que passam a actuar no Grande Auditório, às sextas-feiras, às 21h30, estando, desde já, previstos seis recitais de entrada livre.

O Jazz em Agosto passa agora a alinhar a sua programação com a restante temporada Gulbenkian Música, decorrendo este ano, entre 6 e 15 de Agosto e sob o tema «O Outro Lado do Jazz». Este ano, oportunidade para ouvir John Surman, Jack DeJohnette, Steamboat Switzerland, Open Speech Trio, Guus Janssen, Han Bennink, Evan Parker Electro-Acoustic Ensemble, Louis Sclavis, Red Trio, Sol 6, Pat Thomas, Raymond Stid, Clayton Thomas e a Circulasione Totale Orchestra. A programação pode, desde já, ser consultada em www.musica.gulbenkian.pt/jazz.

Setembro será o mês do Festival Mozart, trazendo dois maestros de referência: René Jacobs, com uma nova produção de «Cosi fan tutte» (em versão de concerto), à frente da Freiburger Barockorchestra e do Coro Gulbenkian; e Philippe Herreweghe, que vai dirigir dois concertos com a Orchestre des Champs-Elysées. Este Festival inclui ainda uma apresentação em concerto da ópera de John Adams «A Flowering Tree», inspirada na Flauta Mágica de Mozart. Este espectáculo, apresentado em Março na Cité de la Musique, em Paris, no âmbito de um festival dedicado a John Adams, e dirigido por Joana Carneiro, terá, agora, em Lisboa, uma intervenção cénica de Rui Horta. Para além de encontros com os artistas, no final de cada semana, serão exibidas oito sessões de filmes dedicados a Mozart, que incluem algumas produções operáticas com encenadores ou realizadores de referência (Giorgio Strehler, Patrice Chéreau, Ingmar Bergman ou Peter Greenway).

Na linha programática do Festival de Inverno e para além dos espectáculos das duas orquestras já referidas, passarão pelo Grande Auditório, no âmbito do ciclo Músicas do Mundo, nomes como o grupo Al-Kindi Ensemble, da Síria, ou Yasmin Levy, de Israel. De Berlim a Paris será o espectáculo apresentado por Ute Lemper, com a Orquestra Gulbenkian, interpretando, entre outras, canções de Kurt Weil e Édith Piaf. Este festival inclui ainda a ópera de Leos Janácek, inédita em Portugal, Da Casa dos Mortos, em versão de concerto, dirigida por Esa-Pekka Salonen, pela primeira vez à frente da Orquestra Gulbenkian.

O público terá a oportunidade de experienciar a sensação virtual de estar inserido numa orquestra sinfónica através da instalação Re-Rite. Be the Orchestra, um projecto audiovisual multimédia e interactivo criado a partir da gravação digital em 29 canais da obra A Sagração da Primavera de Stravinsky. Esta instalação estará no Museu do Design e da Moda e será inaugurada numa festa com o DJ Gabriel Prokofiev, neto do compositor Sergei Prokofiev.

A programação dos ciclos e percursos temáticos contempla várias épocas, cobrindo um vasto arco temporal desde a música antiga até à contemporaneidade. É o caso do ciclo Bach +, do ciclo Músicas do Mundo, do ciclo de Piano ou do ciclo Grandes Vozes e do ciclo Beethoven e Schubert: os últimos anos. O Músicas do Mundo trará expressões de vários continentes, da Líbia (Anouar Brahem Quartet) à Índia (Anoushka Shankar), passando pelo concerto Istambul 1710, por Jordi Savall, que reúne músicos da Turquia, Arménia, Grécia, Marrocos, França e Espanha.

O ciclo Bach + inclui as Suites para violoncelo solo por Jean-Guihen Queyras, as Sonatas e Partitas para Violino Solo por Christian Tetzlaff, as Variações Goldberg por András Schiff, o Cravo Bem Temperado por Pierre Hantai ou a Paixão segundo São João pela Amsterdam Baroque Orchestra and Choir dirigida por Tom Koopman. O ciclo de Piano trará, pela primeira vez ao Grande Auditório, David Fray, promovendo o regresso de outros grandes nomes como Murray Peraiha, Grigory Sokolov, Alexei Volodi, Boris Berezovsky e Piotr Anderszewsky.

O ciclo Grandes Vozes vai permitir uma nova audição dos três ciclos de Lieder de Schubert, interpretados por Thomas Quasthoff (Viagem de Inverno) e Ian Bostridge (A Bela Moleira e O Canto do Cisne).

Outra novidade é a associação da Fundação Gulbenkian a uma rede de cidades que acolhe as transmissões em directo da temporada da Metropolitan Opera de Nova Iorque.

Iniciada em 2006, esta iniciativa ganhou uma enorme popularidade testemunhada pelos cerca de dois milhões de bilhetes vendidos durante a anterior temporada em 44 países. A partir de agora, o público português tem a possibilidade de usufruir destas transmissões em alta definição visual e sonora, no Grande Auditório da Fundação. Estão previstas 11 transmissões das seguintes óperas: O Ouro do Reno, de Richard Wagner; Boris Godunov, de Modest Mussorgsky; Don Pasquale, de Gaetano Donizetti; Don Carlo, de Giuseppe Verdi; La Fanciulla del West, de Giacomo Puccini; Iphigénie en Tauride, de Gluck; Lucia di Lammermoor, de Gaetano Donizetti; Le Comte Ory, de Gioachino Rossini; Cappriccio, de Richard Strauss; Il Trovatore, de Guiseppe Verdi; e A Valquíria, de Richard Wagner.