Silva, jovem promessa da nova geração da música popular brasileira, escolheu Espinho para a sua estreia absoluta em solo nacional. Esperava-se casa cheia no Auditório. Confirmou-se. Às 21h30, nem tarde nem cedo para uma boa dose de música num dia de semana, soou um suave toque que avisava o público que a sala de espetáculos abrira as portas. A multidão com idades entre os seis e os 60 anos entrou de forma organizada e rapidamente todos se acomodaram nos seus lugares, aguardando pelo miúdo, de ar tímido, que está a dar que falar na cena musical brasileira.

O público foi acolhido na escuridão, com apenas focos de luz de presença nos lugares de Silva e Hugo Coutinho. Este último, baterista de serviço."Daqui para a frente não utilizamos mais primeiros nomes. Sr. Silva e Sr. Coutinho, se faz favor", brincou. Sentou-se aos teclados e, fazendo o que melhor sabe fazer, brindou o público de Espinho com “2012”, a abrir. Um senhor, portanto.

A primeira grande participação do público foi na música “Imergir”, que com o seu ritmo fez-se acompanhar por uma enorme salva de palmas. Silva mostrou, de seguida, o seu génio ao tocar, a cantar e a dar uma nova roupagem à música “Taí”, de Carmen Miranda, que levou algum público a acompanhar no refrão. No final da música dirigiu-se ao microfone e agradeceu. Agradeceu pela estreia em Portugal, pela sala esgotada e fez referência à beleza da cidade de Espinho, "bem junta ao mar". “Lindo pôr do sol”, elogiou ainda. O público, rendido, gostou e soltou mais um forte aplauso. Terminados os agradecimentos e a apresentação do seu comparsa de palco, Coutinho, seguiu-se, ao violino, o tema mais conhecido: “A Visita”.

Logo a seguir veio “Claridão”. O espetáculo desenrolou-se sem interrupções, apenas com a música, o “bate-pé” do público e os aplausos que mantiveram a salta quente. Até que “12 de Maio” anunciou o fim. Saiu de palco, o público não acreditou, previu o encore e as palmas e assobios continuaram até que Silva e Coutinho voltassem. E naquele momento, sim, anunciaram a última música, o que levou alguém na sala a questionar: “'Tá falando sério, cara?!”. E “Amor Pra Depois” foi mesmo o fim de um fabuloso concerto de Silva. Segura, grande estreia em Portugal.

Feitas as despedidas, o público esperou pelo anfitrião da noite, felicitou-o pelo sucesso da estrondosa estreia, pediu autógrafos e posou para a fotografia. No ar ficou a promessa de voltar e a crença de que Silva vai alcançar lugares de grande destaque no panorama musical internacional.

A noite fria tornou-se agradável durante pelo menos hora e meia. O detalhe no instrumental, a voz harmoniosa, a mistura de música popular brasileira com pitadas de eletrónica fazem com que surja um novo som. Soa a novo - é disso mesmo que se trata. Como alguém comentou, “nem só de samba vive o Brasil”.

Setlist:

2012
Falando Sério
Cansei
Moletom
Imergir
Ventania
Taí (versão do tema de Carmen Miranda)
A Visita
Claridão
Mais Cedo
Posso
Mais Feliz (integrado no Projeto Agenor – Homenagem a Cazuza; original de Cazuza, Dé e Bebel Gilberto)
Acidental
12 de Maio
Encore:
Amor Pra Depois

Nuno Gabriel Moreira