Durou menos de uma hora, não registou momentos de química faiscante entre banda e público nem contou com um alinhamento especialmente surpreendente. Ainda assim, a estreia dos xx em palcos nacionais resultou num belo concerto, capaz de defender bem um dos álbuns mais cativantes dos últimos meses.

O trio londrino, cujos elementos têm pouco mais de 20 anos, faz do simplicidade a sua pedra de toque e, se esse aspecto era já evidente no disco, também o foi na vertente cénica do espectáculo.
Dispensando quaisquer tentativas de pompa e circunstância, os xx limitaram-se a deixar as canções respirar, complementando-as com pequenos pormenores visuais - desde o pano que os escondeu no primeiro tema, "Intro", propondo jogos de sombras, aos três Xs (um grande e dois pequenos) no fundo do palco, geralmente os pontos mais reluzentes do cenário.

Esta discrição marcou também, como se esperava, o encantador desfile de canções, todas bem conhecidas de grande parte de um público entusiasmado. Conjugando elementos instrumentais do pós-punk (sobretudo nas guitarras), algumas linguagens da electrónica mais vanguardista, duas vozes sussurrantes e expressivas e uma invulgar sensibilidade rítmica e melódica, era quase impossível que o alinhamento falhasse. E o trio apresentou todos os temas de "xx" (e ainda uma cover de "Do You Mind?", da cantora R&B Kyla) com uma segurança digna de nota, mesmo que não tenha arriscado altos voos - as versões ao vivo raramente se afastaram do que se ouve no disco, a interacção com o público ficou-se pelos simpáticos agradecimentos.

Também não foi preciso mais para sair daqui uma actuação sedutora. As vozes de Romy Madley-Croft (guitarrista) e Oliver Sim (baixista) complementaram-se tão bem como no disco - mantendo a espontaneidade e timidez - e Jamie Smith não esteve pior enquanto vértice mais cinético, na percussão.
E quando as canções ousaram sair dos moldes das versões do álbum, ainda que tenuamente, ofereceram alguns momentos memoráveis. "Shelter" ganhou com um crescendo de guitarra mais vincado e uma trepidante explosão rítmica no final. A luminosa "Basic Space" teve também um desfecho mais pulsante e "Night Time" deu uma injecção de vitalidade à percussão, ameaçando tornar a Aula Magna numa discoteca de tons negros. Já a "Stars", o único tema do encore, bastou um céu estrelado para deixar um final bonito, bem à medida deste breve mas delicioso espectáculo.

Antes, e nuns também breves 20 minutos, os bracareneses Long Way to Alaska abriram a noite com uma folk delicada e escorreita, embora só tenham oferecido argumentos mais fortes nas duas últimas canções. Mas mesmo estas não geraram a cumplicidade que a sua música pede, deixando a esperança de concertos mais sugestivos noutros espaços.

Os xx actuam novamente em Portugal, esta noite, na Casa da Música, no Porto. A 8 de Julho a banda regressa a Lisboa para o festival Optimus Alive!10, no Passeio Marítimo de Algés.

Texto @Gonçalo Sá

Fotos @Sara Santos

Videoclip de "Basic Space":