Gates doou US$ 28 biliões da sua fortuna, que se encontra estimada em US$ 50 biliões, para investimento em causas sociais, como por exemplo para a pesquisa da cura de doenças que dizimam os países pobres. O orçamento é maior que o PIB de muitas nações. "Com uma grande fortuna vem a responsabilidade de retribuir à sociedade da melhor maneira possível, em favor dos que necessitam", disse o fundador da Microsoft. Hoje, ele lidera uma nova geração de bilionários preocupados com a miséria do mundo.

Reinaldo nunca foi bilionário, mas sempre teve uma vida confortável. Filho de uma socióloga e um psicanalista, cresceu na Bahia e foi educado num colégio americano. Fez quatro meses num curso de Gestão na Inglaterra, mudou-se para São Paulo e trabalhou no Citibank. Entre 1996 e 2002, foi executivo da Microsoft. A internet transformava o mundo. Bill Gates inventara não só o Windows, mas uma nova maneira de administrar sonhos e pessoas. Reinaldo trabalhava de calções e não cumpria horários. "Aprendi muito lá. Acredito no mundo empresarial para educar e disciplinar", diz. "Bahia e Microsoft me deram régua e compasso."

A viragem na sua vida aconteceu após uma reunião da Microsoft em Machu Picchu, onde foram convidados executivos de todo o mundo. Entre os seminários, havia intervalos para o ócio. Num deles, Reinaldo sentou-se no topo da montanha para pensar sobre a vida. "Eu tinha o mundo inteiro a minha frente, uma multidão de pessoas para conhecer. Mas estava preso à empresa", diz. "Queriam me mandar para um cargo em outro país. Era uma ascensão profissional, mas eu só conseguia pensar que meu destino estava sendo determinado. E eu não queria isso."

Após reunir familiares e amigos, Reinaldo decidiu comunicar a sua decisão de abandonar a multinacional e abrir uma pequena gravadora. O caso de amor com a música era antigo. Com 10 anos, já adorava ouvir Novos Baianos, Gilberto Gil e Tim Maia. O próprio canta, toca percussão e viola, nas horas vagas, costuma percorrer discos de vinil em lojas antigas e sons inéditos na Internet. No novo negócio, os sócios eram grandes amigos, mas não deu certo. "A gente não gostava de música pop nem queria produzir só para ganhar dinheiro", "Minha mulher engravidou e fiquei pensando que país meu filho iria encontrar."

Numa madrugada de domingo, os quatro sócios descobriram o que queriam fazer: criar uma ONG que formasse cidadãos por meio de música, tecnologia e educação. Usar o computador como instrumento musical e aliar a tecnologia às batidas de raiz. O endereço da sede não poderia ser mais revelador: o Pelourinho.

A Eletrocooperativa passou a alimentar a alma de Reinaldo, mas deixou os seus bolsos vazios, ele aceitou, então a proposta de um antigo colega da Microsoft, abrir um negócio de peixes para exportação. Hoje, os peixes pagam as contas e a Eletrocooperativa dá sentido à vida. No final deste ano, haverá outra sede no Recife.

Fonte: Globo