Um trabalho com dramaturgia e encenação de Helder Mateus da Costa, que, como o próprio disse à agência Lusa, foi escolhida por se tratar da obra do prémio Nobel da Literatura 1998 que mais o “entusiasmou”.
O interesse, para o encenador, reside não só na solução narrativa encontrada pelo escritor, que pôs Ricardo Reis a encontrar-se com o defunto Fernando Pessoa, quando aquele heterónimo pessoano regressa a Lisboa, um ano após a morte do seu criador, em 1935, - e que se mantém na dramaturgia -, mas por 1936 ter sido um ano importantíssimo” para Portugal, disse.
Recordou, a propósito, que foi em 1936 - quando se assinalou o 10.º aniversário do golpe que instaurou a ditadura em Portugal (28 de maio de 1926) - que foram criadas a Colónia Penal do Tarrafal, a Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa.
Um ano de “ascensão de ditaduras” que não se confinou a Portugal, já que em Espanha começava a Guerra Civil, Hitler consolidava o poder e Mussolini já tinha invadido a Etiópia. "E tudo isto a três anos do início da II Grande Guerra", observou.
“Curiosamente, muito parecido com o que se está a passar hoje no mundo, porque as ameaças são várias”, sublinhou o encenador citando, a título de exemplo, “a invenção de Donald Trump, nos Estados Unidos, ou o sinal que o 'brexit' constitui", indicou.
Tempos em que o “individualismo egoísta, não apenas das pessoas mas também dos países, caminha num crescendo e ao qual há que pôr fim, promovendo a paz e não a guerra”, defendeu.
“A luta pela paz é cada vez mais essencial”, argumentou Helder Mateus da Costa.
Com direção de arte de Maria do Céu Guerra, esta peça tem interpretação de Adérito Lopes, Ruben Garcia, Sónia Barradas, Rita Soares, João Maria Pinto, Samuel Moura e Sérgio Moras.
Estreada em junho de 2016, esta produção de A Barraca volta ao palco do Cinearte até 22 de julho, com espetáculos de quinta-feira a sábado, às 21:30, e, ao domingo, às 17:00.
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