A programação dos dez anos da Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, que acolhe "espólio, interesses e obra" do escritor, pintor e ensaísta, foi publicada pela instituição no seu 'site', estende-se até 1 de outubro e envolve perto de duas dezenas de iniciativas, de concertos e debates, a exposições e mostras de cinema.

Às celebrações juntam-se "os amigos italianos da Lega di Cultura di Piadena", associação cultural de Cremona, e artistas, cineastas, músicos, atores e escritores como Giuseppe Morandi, Juliette Achard, Luis Miguel Cintra, Peter Kammerer, Regina Guimarães, Serge Abramovic (Saguenail) e Sérgio Tréfaut, entre outros autores e intérpretes.

No primeiro dia, é inaugurada a exposição de pintura de Mário Dionísio, que toma por título um dos seus versos -- "Pintura sem assunto, dirão os visitantes" --, e a mostra "Ser fotógrafo e não ter máquina, ter máquinas e não ser fotógrafo", com imagens do realizador Giuseppe Morandi e a coleção de máquinas históricas de Vítor Ribeiro (Maçariku), um dos fundadores da Casa da Achada.

Luis Miguel Cintra, durante a sessão, revisita a leitura encenada de "Mais Verde, Mais Azul, Mais Branco, Mais Vermelho".

Na sexta-feira, serão lançados os "Contos Completos", do escritor, que reúnem, num só volume, os livros "O Dia Cinzento e Outros Contos", "Monólogo a Duas Vozes" e "A Morte É Para os Outros".

Serão também disponibilizadas listagens do arquivo, no 'site' da instituição, apresentadas por Eduarda Dionísio na sessão "Arquivo Mário Dionísio: usá-lo, como e para quê?".

No fim de semana há oficinas e debates, sobre Mário Dionísio e temas da atualidade, da habitação aos coletes amarelos em França (terça-feira), e concertos de Jagjit Rai Mehta e do Coro da Casa da Achada.

A segunda-feira é dedicada ao cinema de Giuseppe Morandi ("Cavallo Ciao"), Angelo Rossetti e Michele Paladin ("La Nebbia Prima Che Si Alzi"), Peter Kammerer e H.G. Oxenius ("Conheces Esta Terra?"), e ao debate com Juliette Achard, Regina Guimarães, Saguenail e Sérgio Tréfaut, além de Morandi e Kammerer.

As comemorações encerram com "Memória de uma Kantata", documentário de Margarida Rodrigues sobre o projeto "A Kantata de Algibeira", da Casa da Achada, com sons de Lisboa, e "Direis Que Não é Poesia", por Margarida Guia e o pianista João Paulo Esteves da Silva.

A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio foi fundada por familiares, amigos, antigos alunos e admiradores da obra do escritor, como local de investigação, estudo e consulta, aberto ao público para diferentes iniciativas.

Nascido em Lisboa, em 1916, Mário Dionísio licenciou-se em Filologia Românica, em 1940, foi professor do ensino secundário e, após o 25 de Abril, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Na sua obra literária destacam-se os contos, a poesia ("Solicitações e emboscadas", "O riso dissonante", "Memória dum pintor desconhecido", "Terceira idade"), o romance ("Não há morte nem princípio", "Autobiografia").

Escreveu para Seara Nova, Vértice, Diário de Lisboa, Mundo Literário (1946-1948).

No âmbito das artes plásticas, além de um volume sobre "Vincent Van Gogh", escreveu "Conflito e unidade da arte contemporânea" e "A paleta e o mundo", obra de história, biografia e abordagem analítica da arte.

“Mário Dionísio era acima de tudo do gigantesco ‘A paleta e o mundo’”, escreveu o encenador Jorge Silva Melo, seu antigo discípulo, na introdução da "Poesia completa", publicada pela Imprensa Nacional; era o autor de “Memória de um pintor desconhecido”, "um poema nos limites da poesia, nos limites da prosa, nos limites do ensaio, um longo poema verdadeiramente experimental”.

A programação está disponível em centromariodionisio.org.