Vitorino Nemésio (1901-1978) foi ficcionista, biógrafo, ensaísta, cronista, professor durante 40 anos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, conferencista, homem da rádio e também da televisão, entre 1971 e 1975, onde, num dos seus populares programas “Se bem me lembro”, afirmou que era, sobretudo, “poeta, poeta, poeta”.

O CCB adianta, em comunicado, que no sábado, a partir das 15:00, “serão evocados aspetos significativos de Vitorino Nemésio” nas suas diferentes facetas, referindo que o autor “promoveu a extensão e significado da ‘açorianidade’ - na forte relação da geografia com a história e a criação literária e artística”.

A Vitorino Nemésio é atribuída a criação do termo "açorianidade", num artigo sobre a condição histórica, geográfica, social e humana do açoriano, publicado em 1932.

Na jornada de sábado, dedicada ao autor d'“O Bicho Harmonioso”, “participam entre outras personalidades, Luiz Fagundes Duarte, Luiza Costa e António Valdemar, todos açorianos e com ligações pessoais e intelectuais a Vitorino Nemésio, no decurso de longos anos de convívio e do estudo, investigação e divulgação da sua obra”.

A poesia foi a única atividade que Nemésio manteve ininterruptamente entre 1915 e 1976, e depois do êxito que foi a publicação de “Mau Tempo no Canal” (1944) tentou sucessivamente escrever outro romance, tendo falecido na sua perspetiva. Anteriormente tinha dado á estampa o romance “Varanda de Pilatos” (1926).

A sua obra compreende cerca de 40 títulos, alguns publicados postumamente, nas áreas da ficção, poesia, ensaio e crítica, a par da crónica, como "Festa Redonda" (1950), "Nem Toda a Noite a Vida" (1952), "O Pão e a Culpa" (1955), "O Verbo e a Morte" (1959), "O Cavalo Encantado" (1963), "Canto da Véspera" (1966) e "Sapateia Açoriana" (1976).

Vitorino Nemésio, na opinião do seu biógrafo António Machado Pires, ex-reitor da Universidade dos Açores, “quando morreu, em Lisboa, a 20 de fevereiro de 1978, era já reconhecido como um dos maiores poetas e romancistas do século XX em Portugal”.

O autor, natural da Praia da Vitória, na ilha Terceira, recebeu os prémios Ricardo Malheiro, em 1944, Nacional da Literatura, em 1965 e o Montaigne, em 1974.

Este ano está previsto o início da publicação das obras completas do escritor, em 16 volumes, numa parceria entre a Companhia das Ilhas e a Imprensa Nacional.