Muitos sorrisos, abraços e festa: três anos depois, o NOS Alive está de volta ao Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, e os festivaleiros não disfarçaram a felicidade no momento do reencontro. Com a ‘casa’ quase cheia, o primeiro dia da 14.ª edição do evento arrancou com Mallu Magalhães no palco NOS.

Depois da artista brasileira subir a palco, Jungle e The War on Drugs tiveram a missão de aquecer o público para um dos concertos mais esperados do dia.

Às 22h50 (e com um atraso de quase 20 minutos), os Strokes, os cabeças de cartaz do dia, subiram ao palco NOS e, entre os festivaleiros, as expectativas eram distintas: alguns fãs não tinham dúvidas de que seria um grande concerto; já os seguidores mais atentos às notícias dos últimos dias tinham algumas reservas - no início da semana, a banda nova-iorquina foi arrasada nas redes sociais depois do concerto no festival de Roskilde, na Dinamarca. Muitos dos espectadores consideraram a atuação "catastrófica" e "embaraçosa".

Veja as fotos dos concertos do primeiro dia:

"Não ligo ao Twitter o suficiente para saber o que algum fã confuso pensa ou acha que sabe. (...) É o lado mais burro das redes sociais. As preocupações, as questões, tudo na boa. As pessoas andam a fazer-me perguntas. São os estranhos que andam a dizer coisas, como se soubessem algo”, escreveu Julian Casablancas nas redes sociais. Apesar da resposta mordaz, os fãs só queriam provas que refutassem as críticas. 

Há mais de 10 anos que a banda de rock não pisava solo português - o grupo atuou em 2011 no Super Bock Super Rock, no Meco. O reencontro era há muito desejado por espectadores de todas as idades - desde o álbum de estreia, "Is This It", lançado em 2001, os Strokes têm somado êxitos e são considerados por muitos os "salvadores do rock". Inspirados nos conterrâneos nova-iorquinos The Velvet Underground e Lou Reed, Julian Casablancas, Nick Valensi, Albert Hammond Jr., Fabrizio Moretti e Nikolai Fraiture começaram a caminhada no início dos anos 2000 e nunca mais pararam.

E foi com o espírito que os caracteriza que se apresentaram no palco NOS. "Desculpem, nós não somos os Queen", disse o vocalista antes do primeiro acorde - tudo porque, minutos antes de subirem ao palco, ouviu-se no recinto um tema da banda britânica.

THE STROKES
THE STROKES créditos: Stefani Costa

"Is This It" abriu o alinhamento que combinou temas antigos e novos sucessos contagiantes. "Ups, bêbado novamente", gracejou o líder do grupo no final da primeira canção. Depois, seguiram-se temas como "The Adults Are Talking", "New York City Cops", "Automatic Stop" ou "Bad Decisions".

Entre as canções, e sempre igual a si mesmo, Julian Casablancas conversou com o público. "Lisboa… tudo tão bonito aqui. É um prazer e vamos passar um bom momento", elogiou, não deixando de atirar algumas ‘bocas’ às críticas que recebeu nas últimas semanas.

Depois de "Hard to Explain", o vocalista relembrou que Clairo foi obrigada a cancelar o seu concerto no NOS Alive devido ao cancelamento do seu voo. Para compensar, a banda ensaiou um pequeno medley das canções da artista e surpreendeu o público, apesar da confusão aparente no momento (quase improvisado).

A atitude intrigante do frontman também seduz o público que estava ávido por ouvir e cantar os grandes sucessos dos norte-americanos. Mas a conversa fiada nem sempre ajudou à festa.

THE STROKES
THE STROKES créditos: Stefani Costa

"Reptilia" foi um dos primeiros grandes momentos da noite, com guitarras afiadas e muitos cânticos. "Someday" e "What Ever Happened?" também animaram o público.

Tal como aconteceu no NOS Primavera Sound de Barcelona, os Strokes deixaram de fora um dos maiores sucessos da sua carreira: “Last Nite” nem surgiu já no encore, que contou apenas com "You Only Live Once", "Selfless" e "Juicebox".

No NOS Alive, os Strokes conseguiram agarrar o público, especialmente os fãs. “É um bom concerto por causa de vocês”, atirou Casablancas na reta final. Mas a banda também se portou bem.

Solos de guitarra e baladas com os The War on Drugs 

Antes do grupo de Julian Casablancas subir ao palco do NOS Alive, os The War on Drugs conquistaram o público com as suas canções com letras sobre amor e perda.  

WAR ON DRUGS
WAR ON DRUGS créditos: Stefani Costa

Há alguns anos, a banda de Filadélfia animava pequenas salas de espetáculo, mas agora (e já com um Grammy na bagagem) lidera multidões em arenas e festivais em todo o mundo. E tem sido totalmente eficaz, conquistando várias gerações com temas com clara influência de Bob Dylan, Bruce Springsteen, Tom Petty e Mark Knopfler.

Com uma máquina bem oleada, Adam Granduciel (com os seus óculos de sol), David Hartley, Robbie Bennett, Charlie Hall, Jon Natchez, Anthony LaMarca e Eliza Hardy Jones conduziram a multidão e derreteram os fãs com solos de guitarra e baladas poderosas.

O concerto do NOS Alive arrancou a um ritmo calmo, mas, com o cair da noite, o vocalista agarrou o público. Como seria de esperar, "Red Eyes", "I Don't Live Here Anymore" e “Under the Pressure” não ficaram de fora do alinhamento e garantiram os momentos mais celebrados do concerto no NOS Alive.

O "sambinha bom" de Mallu Magalhães

MALLU MAGALHÃES
MALLU MAGALHÃES créditos: Stefani Costa

No arranque do do primeiro dia, às 18h00, Mallu Magalhães subiu ao principal palco do festival para refrescar o público e espalhar amor. Sempre com um sorriso e um 'brilhozinho nos olhos', a artista brasileira trouxe "novas e antigas canções".

"Está tão bonito. Estou muito feliz por estar aqui e abrir o palco. Estou muito agradecida por estar aqui", confessou Mallu, com um sorriso contagiante. 

Os temas mais populares da cantora foram cantados a uma só voz pelos fãs, mas os mais recentes, que fazem parte do seu último álbum, “Esperança”, editado em 2021, também foram recebidos com entusiasmo. 

"Sambinha Bom", "Velha e Louca" e "Muitos chocolates" marcaram os momentos de maior celebração, com o pôr do sol e o rio Tejo a completarem o cenário.

Com o seu sorriso e canções que transpiram felicidade, Mallu Magalhães garantiu um arranque cheio de boas vibrações.

Jungle: música certa na hora certa

JUNGLE
JUNGLE créditos: Stefani Costa

Já perto da hora de jantar, às 19h30, os Jungle subiram ao palco do NOS Alive. A banda londrina liderada por Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland agarrou os festivaleiros com os temas disco que servem de banda sonora para bons momentos - e, neste caso, foi a música certa na hora certa. 

O terceiro disco dos britânicos, “Loving in Stereo”, lançado em 2021, serviu de mote para o concerto e levou o público até aos anos 1970, com temas que convidam a dançar. Mas o grupo não deixou de fora os singles com que se deu a conhecer ao mundo, como “Casio” ou “Busy Earnin'”.

Os Jungle também não deixaram de fora os dois temas mais recentes: “Good Times” e “Problemz”, dois singles que replicam a sua vibrante fórmula, regados com funk e soul.

A primeira noite da edição de 2022 do NOS Alive fechou com Stromae, que arrancou o espetáculo às 00h45. Na estreia em Portugal, o cantor, compositor e produtor belga convidou todos a dançar pela noite fora.

O músico estreou-se em 2010 com o do álbum "Cheese" e tornou-se mundialmente conhecido com o single “Alors On Danse”, que entrou diretamente nos top de mais de 15 países e foi mais tarde remisturado por Kanye West. 

"Papaoutai", "Formidable" e o último álbum, “Multitude”, marcado por ritmos africanos e sul-americanos, toques de eletrónica e aventuras no rap, também se destacam na carreira de Stromae.

Mas a festa não se fez apenas no palco principal do NOS Alive. No primeiro dia do festival, pelo Palco Heineken passaram Lefty ou Modest Mouse. As maiores atenções, no entanto,  centraram-se em Fontaines D.C., Balthazar e Parov Stelar, que atraíram milhares de festivaleiros. 

Balthazar
Balthazar Balthazar no NOS ALIVE créditos: LUSA

Já o palco WTF Clubbing recebeu Moullinex, Acid Arab, Eu.Clides, Owenn, Da Chick, Efé, Neon Soho e Dirt Cult.

No palco Comédia, Tio Jel, Guilherme Geirinhas, Carlos Vidal, Miguel Neves e André Pinheiro + Pedro Correia garantiram boas doses de gargalhadas.

Esta é a 14.ª edição do festival de música, que se estenderá até sábado com 165 atuações, repartidas por sete palcos, a começar no pórtico de entrada dos espectadores, passando por um coreto, um palco dedicado à comédia, outro à música eletrónica ou o palco maior, com os cabeças de cartaz.

JUNGLE
JUNGLE créditos: Stefani Costa

Até sábado, o NOS Alive acolherá, entre outros, os Metallica, Da Weasel, Dino D’Santiago, Florence + The Machine, Imagine Dragons, Manel Cruz, Phoebe Bridgers, St. Vincent, Two Door Cinema Club, DJ Vibe e Três Tristes Tigres.

Em relação a edições anteriores, não há alterações substanciais no recinto do festival, na disposição dos sete espaços, e das zonas de restauração, exceto numa maior dispersão de pontos de acesso às casas de banho.