Citar Marco Paulo quando se fala de Thom Yorke e dos Smashing Pumpkins pode parecer estranho, mas a canção do artista português descreve na perfeição os sentimentos de muitos festivaleiros: “eu tenho dois amores (…) e não sei do qual eu gosto mais”.

O vocalista dos Radiohead e os norte-americanos começaram os seus concertos com um intervalo de apenas 30 minutos - no Palco NOS, os Smashing Pumpkins arrancaram às 23h30 e Thom Yorke subiu ao Palco Sagres à meia-noite. O cruzamento dos dois concertos obrigou a uma divisão do público - alguns arriscaram pequenas maratonas entre os dois palcos.

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No palco NOS, os Smashing Pumpkins, que regressam a Portugal com a formação original (de 1988) quase completa, apresentaram o novo álbum (“Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun”), editado no final do ano passado, mas não deixaram de viajar pelas “canções que toda a gente quer ouvir”.

A banda de Chicago entrou em palco ao som de “Sarabande”, acelerando de imediato em direção a “Siva”, “Zero” e “Solara”. ‘In media res’, Billy Corgan e companhia serviram a conquistadora “Bullet With Butterfly Wings”, que fez a multidão soltar as vozes.

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“Tiberius”, “G.L.O.W.”, “Disarm” e “Superchrist” também não ficaram na gaveta e foram celebradas pelos fãs dos norte-americanos. Seguiu-se “1979", um dos singles do disco “Mellon Collie and the Infinite Sadness” e o tema mais ouvido dos Smashing Pumpkins no serviço de streaming de música Spotify, carimbando um dos momentos de maior partilha entre os músicos e o público.

Sem tempo a perder e continuando a viagem nostálgica, a banda entregou “Tonight, Tonight”. Alguns espectadores ergueram os smartphones para registar o momento, mas foram mais os que soltaram as vozes, fazendo o coro perfeito de Billy Corgan.

“Today” foi o tema escolhido para a despedida. Durante cerca de duas horas, os Smashing Pumpkins provaram que envelheceram bem, apesar de a sua sonoridade estar sempre associada aos anos 1990. Foi uma noite para uma boa viagem até à última década do século passado.

Thom Yorke

A alguns metros do palco NOS, à meia-noite, Thom Yorke foi o grande protagonista. Juntamente com o seu produtor e colaborador Nigel Godrich e o artista visual Tarik Barri, o vocalista dos Radiohead subiu ao Palco Sagres este sábado, dia 13 de julho.

Thom Yorke
créditos: STEFANI COSTA

Ao Passeio Marítimo de Algés, o músico britânico trouxe um espetáculo que  passa pelos seus vários trabalhos a solo - The Eraser”, "Tomorrow’s Modern Boxes” e “AMOK", do projeto Atoms For Peace.

“Interference”, “Harrowdown Hill”, “Cymbal Rush”, “Amok”, “Traffic" e “Twist” foram alguns dos temas que não ficaram de fora do alinhamento do concerto.

Quase no fecho do festival, os fãs do músico tiveram a oportunidade de ver pela primeira vez em Portugal a combinação de sons de Thom York e Nigel, que se sintonizaram na perfeição com a arte de Tarik Barri.

Dança, dança com os Chemical Brothers

Já com um pé na madrugada, à uma e meia da manhã, os Chemical Brothers electrizaram o Passeio Marítimo de Algés. Como já é hábito, Ed Simons e Tom Rowlands brindaram os fãs como uma “grande rave”, com um alinhamento que percorreu quase 30 anos de carreira.

No Palco NOS, a dupla britânica apresentou um espetáculo repleto de luzes, sempre com imagens a acompanhar as batidas. Para o alinhamento, os Chemical Brothers apostaram em temas do passado e do presente, sempre remisturados.

A intensidade da festa aumentou especialmente com os singles mais populares, como “Hey Boy Hey Girl” ou “Saturate”.

Quando cai a noite no NOS Alive

Ao pôr do sol, Bon Iver (que não se deixou fotografar) espalhou amor e sorrisos pelo NOS Alive. O músico norte-americano trouxe na bagagem o disco "22, A Million", editado em 2016, e todos os temas que conquistaram os fãs.

Durante cerca de uma hora, o cantautor  provou ser uma boa banda sonora para a “golden hour” e aqueceu os corações da multidão com temas como "Skinny Love", "33 (GOD)" ou "10 d E A T h b R E a s T”.

Um pouco antes de Bon Iver, às 19h50, Tom Walker também distribuiu sorrisos pelo NOS Alive e ninguém deixou de cantarolar os temas do músico britânico - nos serviços de streaming, as canções do músico somam milhões de reproduções e os festivaleiros provaram ter as letras na ponta da língua.

“Leave a Light On” e “Just You and I” foram os temas mais ovacionados e os mais cantados, com considerável eco.

O arco-íris de Marina

Marina também foi um dos destaques do dia no palco Sagres. A cantora, que agora se apresenta sem os seus “diamantes”, espalhou boas vibrações pelo público. As batidas certeiras das canções contagiaram as centenas de pessoas, que foram improvisando coreografias.

MARINA MARINA

"Primadonna" foi uma das canções mais celebradas de todo o concerto, que terminou com “How to Be a Heartbreaker”, um dos maiores sucessos da carreira da galesa e que garantiu um adeus a deixar já saudades.

Durante aproximadamente 45 minutos, a artista - que esteve acompanhada por quatro bailarinos - pintou o Palco Sagre com um arco-íris de cores e cumpriu com o que prometeu: animar, fazer dançar e roubar sorrisos.

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