De regresso à zona histórica da cidade, o festival organizado pela associação Flamingo Imbatível prossegue, à sétima edição, a missão de questionar locais que se encontram fechados, abrindo portas há muito encerradas com propostas criativas que combatem o esquecimento e inspiram futuros possíveis para esses espaços.

“A premissa do festival é mostrar o potencial do centro histórico de Leiria. Estamos muito entusiasmados por voltar lá, dois anos depois, para abrir espaços e questionar o que podem ser no futuro”, afirmou à agência Lusa um dos elementos da organização, Miguel Ferraz.

Este ano, entre outras, o festival abre duas portas especiais da zona antiga: a da casa apalaçada do século XIX que funcionou como Pousada da Juventude e a do edifício com larga tradição cultural na cidade, o Orfeão Velho, ambos encerrados há mais de uma década.

Este último espaço vai receber um mercado de economia circular, mas a antiga pousada funcionará com outra ambição, servindo como base do festival, onde será possível visitar a exposição coletiva Casa Plástica, com trabalhos de Tiago Baptista, Sílvia Patrício, Gonçalo Pena, Nuno Gaivoto e Neuza Matias (comissariados por Leonardo Rito), assistir a vários concertos ou simplesmente usufruir da esplanada no jardim.

“A pousada está no centro de Leiria e é um sítio absolutamente incrível, com um jardim maravilhoso”, descreveu Miguel Ferraz, admitindo que, para a organização, se trata da “coqueluche desta edição”.

Esses dois edifícios que o festival resgata do encerramento são ligados pela Rua Direita, uma memória da Leiria de outros tempos que, por estes dias, ganha nova vida, com particular incidência para dia 18, quando se concentrará ali o grosso da programação.

“A nossa expectativa é que será uma brutal enchente, a absoluta loucura, à imagem do que foi em 2019. Se for, ficamos super felizes, mas se apareceram menos pessoas, também ficamos. Acima de tudo queremos que as pessoas venham ‘curtir’, porque há atividades para toda a gente”, sublinhou o responsável pela produção.

Entre as 90 atividades, um terço diz respeito à música, uma aposta forte, que pretende acrescentar diversidade ao panorama cultural de Leiria.

“Quisemos dar ainda maior representação a artistas que normalmente não têm lugar ou espaço na cena cultural de Leiria”, explicou Miguel Ferraz, lembrando a atuação da cantora e ativista LGBT Titica ou o espetáculo de ‘drag queen’ que integra o programa.

A par disso, revelam-se vários novos projetos de Leiria, que farão a estreia ao vivo no festival.

“Acima de tudo, é uma programação que vai ao encontro de todos os gostos e mais alguns. Temos desde o clássico ao hip-hop, passando pelo afro, rock, punk rock, garage rock…”.

O festival ‘A Porta’ arranca no domingo, com a inauguração da Casa Plástica e concertos de Daniel Bernardes e Salvador Sobral com André Santos. Até dia 19, atuam no festival nomes como Sean Riley & The Slowriders, Ryder the Eagle, Blu Samu, Pedro Branco, Bia Maria, Fugly, Club Makumba, Sereias ou Benjamin Piat.