Em comunicado, a autarquia da Figueira da Foz, distrito de Coimbra, informa que o júri do prémio bienal, criado em homenagem ao dramaturgo e novelista, considerado o primeiro grande crítico literário português, "após debate sobre o mérito das obras a concurso e atentos os critérios de exigência da qualidade artística, conforme ao prestígio do seu patrono e aos valores estéticos e literários por este pugnados, entendeu, de forma unânime, não atribuir, nesta edição, o galardão do prémio, nem salientar qualquer menção honrosa".

A nota acrescenta que estiveram a concurso 47 obras, das quais quatro foram retiradas da competição, três por falta de requisitos formais exigidos pelo regulamento, e uma por decisão expressa do autor concorrente.

A edição 2018/2019 do prémio, no valor de 2.500 euros, visava prosas narrativas sob a forma de romance ou novela e admitia obras originais, inéditas, de produção individual e não premiadas anteriormente.

Ouvido pela Lusa, o escritor António Tavares, presidente do júri em representação do município da Figueira da Foz, admitiu que as obras a concurso "não tinham qualidade" para serem galardoadas.

Quanto ao facto de a lista de premiados ficar vazia pela primeira vez, o também antigo vice-presidente da autarquia e ex-vereador da Cultura, a quem se deve a instituição do prémio literário, disse esperar que seja uma situação "ocasional".

"Desta vez não apareceu nenhuma obra que se destacasse", afirmou António Tavares.

Do júri da edição 2018/2019 fizeram ainda parte Maria João de Sousa Martins, em representação da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, e Luís Machado, em representação da Associação Portuguesa de Escritores.

Nas anteriores quatro edições os premiados foram "O Fotógrafo da Madeira", de António Breda Carvalho (2011), e "O Primo Aprendiz - História de Um Carbonário", de Mário Silva Carvalho, em 2013.

Em 2015, "A Bicicleta do Ourives Ambulante", da autoria de Silvério Manata, venceu o galardão entre 91 obras a concurso e, em 2017, o júri destacou de entre as 63 obras concorrentes o romance "Madalena", de Isabel Rio Novo.

O prémio literário João Gaspar Simões foi instituído para "incentivar a criação literária e dar a conhecer novas obras e autores, assim como contribuir para a valorização e promoção da literatura de qualidade, considerada elemento essencial para o desenvolvimento e enraizamento dos hábitos de leitura", refere o comunicado camarário.

O galardão pretende ainda homenagear João Gaspar Simões, "figura grada da literatura nacional, romancista, dramaturgo, editor, crítico e tradutor", nascido na Figueira da Foz em 1903, e que morreu em Lisboa em 1987, aos 83 anos.