Nascido a 15 de abril de 1937, Artur Garcia morreu na véspera de completar 84 anos.

O cantor, nome destacado da chamada música ligeira portuguesa dos anos de 1960/1970, gravou cerca de 250 discos e celebrizou canções como, entre outras, "Casaca Azul e Oiro", "Amor" e "Porta Secreta", com a qual concorreu ao Festival RTP da Canção em 1967.

Natural do bairro de Alcântara, em Lisboa, Artur Garcia foi empregado dos Armazéns Grandela e frequentou o Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional, onde se estreou ao lado de nomes como Maria de Fátima Bravo ou Simone de Oliveira.

Em declarações à Lusa em 2005, Artur Garcia salientou que a sua carreira "foi feita pelo povo", que o elegeu por duas vezes Rei da Rádio, em 1967 e 1968 e, em 1969, Príncipe do Espectáculo.

Em 1967, quando Eduardo Nascimento venceu o Festival RTP da Canção com "O vento mudou", Artur Garcia mereceu em votação paralela feita pelo público o 1.º lugar com a canção "Porta secreta".

Nesse mesmo ano vencia o I Festival da Canção da Figueira da Foz e o Festival de Aranda Del Duero, em Espanha.

"Com +Porta secreta+ vendi milhares de discos. Se naquele tempo fossem dados discos de ouro pelas vendas, eu tinha a casa forrada", afirmou o cantor, recordando êxitos como "Amor", "Como o tempo passa", "Menina triste", "A cidade do sol", "Bom dia", "Homem do leme", ou "Olhos de veludo", com o qual venceu um dos festivais da Figueira da Foz.

Em declarações à Lusa, o artista reconheceu ainda os "altos e baixos" e "a travessia no deserto", mas afirmou "guardar os melhores momentos", que não são necessariamente os êxitos, mas "o contacto humano".

"Uma enorme atração e paixão pelo palco"

A sua popularidade foi sempre grande, além das atuações em espetáculos transmitidos pela rádio ou na televisão, começou cedo a integrar os elencos das revistas do Parque Mayer.

"Sete colinas", "Frangas na grelha" e "Todos ao mesmo" foram as primeiras onde participou.

O cantor declarou que teve "desde novo uma enorme atração e paixão pelo palco".

Relativamente à sua popularidade, recordou um episódio passado no Porto, ao saber-se que comprava um par de sapatos na Rua de Santa Catarina, "o povo acorreu de tal forma que se tornou impossível circular, até os transportes coletivos tiveram de parar".

O artista realizou também inúmeras digressões além-fronteiras. Índia, Canadá, Estados Unidos (ao lado de Amália Rodrigues), França e Itália foram alguns dos países onde atuou.

Ao seu lado subiram ao palco outras vedetas, como Julio Iglésias, com quem estabeleceu amizade, Sylvie Vartan - "que era muito antipática" -, Rafael ou Carmen de Sevilha.

Em Espanha alcançou "enorme êxito, tendo participado em vários programas de televisão", também no Brasil conheceu uma carreira de sucesso.

Das digressões a África recorda o enorme esforço feito onde cantou, "em sítios incríveis, em cima de carros de combate, cheios de pó e sem tomar banho, mas sempre acolhidos com enorme carinho pelos militares, que nos recebiam como se fossemos familiares".

Artur Garcia foi ainda diretor artístico dos restaurantes Casa da Simone e Canção de Lisboa, tendo igualmente sido, durante cerca de duas décadas, padrinho da Marcha de Alfama. Em 2005, comemorou os 50 anos de carreira com um espetáculo no Fórum Lisboa.

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