Uma peça “ambiciosa”, disse Diogo Infante à agência Lusa, alegando que por isso tentou reunir "uma equipa tão criteriosa de criativos, intérpretes, cantores, bailarinos" em que as audições foram morosas - para o ‘casting’ inicial candidataram-se mais de 400 pessoas -, mas que fazem com que o diretor artístico do Trindade se sinta "satisfeito".

"Agora o que importa é poder potenciar esta equipa para podermos fazer um espetáculo memorável" e que visa "devolver a frequência de um espaço já de si icónico e belíssimo no centro da cidade" que leve as pessoas a habituarem-se a ir ao Trindade "com a certeza de que o que venham ver será um bom espetáculo", frisou, a propósito do espetáculo que abre a nova temporada e que conta com um elenco de 18 pessoas em que o único ator convidado foi José Raposo. Todos os outros foram selecionados pelo ‘casting’.

Diogo Infante considera, contudo, que o investimento na qualidade resulta em quantidade e disse acreditar que com a estreia de “Chicago”, em 11 de setembro, na sala Carmen Dolores, se avizinha a "possibilidade de o espetáculo chegar a uma grande dimensão de público e, de preferência, que o faça com qualidade”.

Estreado na Broadway, em 1975, "Chicago" teve mais de 900 apresentações, percorreu mais de 24 países e foi interpretado em línguas diferentes.

Encenado por Diogo Infante – que em 2008, já demissionário de diretor artístico do Maria Matos, assinara “Cabaret” neste teatro municipal de Lisboa – “Chicago" tem tradução de Ana Sampaio, tradução de canções de Rui Melo, direção musical de Artur Guimarães e é uma coprodução do Trindade com a Força de Produção.

“Ricardo III”, de Shakespeare, a estrear-se em 16 de abril de 2020, é uma produção do Trindade que subirá ao palco da sala Carmen Dolores, numa encenação de Marco Medeiros e interpretações de, entre outros, Diogo Infante, Alexandra Lencastre e Virgílio Castelo.

“Apocalipse”, de Paulo Borges, e “Os dilemas dietéticos de uma matrioska do meio”, uma ópera cómica multimédia de Mário João Alves com música de Nuno Côrte-Real completam a programação da sala Carmen Dolores.

Da programação para a sala Estúdio, vocacionada para trabalhos mais experimentais e de criadores mais jovens, Diogo Infante destacou “O amante”, de Harold Pinter, a peça com que se estreou como encenador no Trindade e que, desta vez, será dirigida por Albano Jerónimo. A protagonizar vão estar Virgílio Castelo e Custódia Gallego.

“Os inimigos da liberdade – peça para três escravos”, de Manuel Pureza, com que o realizador venceu a primeira edição do Prémio Miguel Rovisco, a estrear-se em novembro, “Um número”, de Caryl Churchill, “Amado monstro”, de Javier Tomeo, e “Dias de vinho e rosas”, de J. P. Miller, a estrear-se em junho de 2020, também encenada por Diogo Infante ”por vontade de trabalhar” com os atores José Condessa e Bárbara Branco, que conhece desde os 16 anos, são propostas para a sala Estúdio, referiu o diretor daquele teatro ao Chiado.

Um concerto de Júlio Resende com que o pianista homenageia Amália Rodrigues no ano do 20.º aniversário da morte da fadista é outra das propostas do teatro para a nova temporada.

No âmbito do Ciclo Mundos, uma parceria do Trindade com o Festival Músicas do Mundo de Sines, destaque para quatro concertos, que levarão ao palco os portugueses Tó Trips, Galandum Galundaina e Lula Pena, com a norte-americana Leyla Mccalla, o argentino Melingo e a formação húngara Muzsikás, respetivamente. Também Capicua subirá ao palco noutro concerto integrado neste ciclo.

Da programação da temporada - que pretende continuar a estratégia gizada por Diogo Infante de temporadas longas com textos de qualidade - constam ainda um espetáculo de alunos finalistas da licenciatura da Escola Superior de Teatro e Cinema, visitas guiadas e as conferências do Chiado.