A tarde abriu com os Sensible Soccers. Os portugueses, que estão a apresentar o seu mais recente álbum, "Villa Soledad", aqueceram os primeiros que chegaram ao recinto. E não foram poucos aqueles que prontamente preencheram a colina do Parque da Cidade com as já famosas toalhas, cortesia de um dos principais patrocinadores, que são já uma das imagens do festival juntamente com as juvenis coroas de flor. Quem não quis deixar de marcar presença, novamente, foram os muitos estrangeiros (espanhóis, ingleses, francês e alemães, maioritariamente) que em edições anteriores já nos habituaram à simpatia e à extravagância com que desfrutam do festival. E para quem pensa que este não é um festival para gerações mais novas, engane-se. Edição após edição, é cada vez maior o número de pais que, talvez pela primeira vez, proporciona uma experiência diferente aos filhos, muitos deles ainda bastante pequenos.
Quem não conquistou foram as U.S.Girls, no palco NOS, e os Wild Nothing, no Palco Super Bock. Sem emoções, sem referências maiores, para muitos foi o escape perfeito para o jantar. Bem conhecidos do público português e desta vez com honras de palco principal, a banda de Bradford Cox, os Deerhunter, apresentou novos temas e ainda as canções de sempre, como “Cover Me” ou “Desire Lines”.
Julia Holter entrou em palco ainda que poucos o tivessem percebido. Ao piano, embalou a maioria mas não encantou assim tantos. E nem “Feel You”, “aquela que passa na rádio”, como dizia alguém entre cervejas e conversas paralelas, teve o condão de entusiasmar. Um concerto para ver numa sala fechada; fica aqui expressa a vontade.
Um dos regressos mais esperados em Portugal, e a banda mais aguardada da noite, eram os Sigur Rós. Aqueles que não viram aqui o grupopela primeira vez não o terão considerado memorável. Mas, ainda assim, os islandeses não deixaram de cumprir e encher o coração de quem não fica indiferente à melancolia de “Glósóli” ou “E-Bow”. Faltou um pouco mais de volume, ou simplesmente que a maior parte da audiência tivesse ficado calada.
Nem a chuva quis faltar à tempestade que são os Parquet Courts. Os nova- iorquinos incendiaram a noite, num concerto de saudosismo punk a deixar saudades dos anos setenta. Do mosh ao conforto abrigado da colina, sem interrupções, entre riffs de guitarra sujos, os Parquet Courts conseguiram pela primeira calar o burburinho constante que interrompia os concertos anteriores. É o que se quer.
Finalmente, os Animal Collective fecharam o palco NOS com o seu psicadelismo eletrónico de mil cores, numa toada infantilizada que fez as delícias dos poucos milhares que ainda por lá se encontravam e que não optaram por se deslocar até ao palco Pitchfork para dançar ao som dos DJs. O mote foi Painting With, o seu novo álbum, e foi com ele que terminaram: “Floridada” fechou um concerto morno, mas agradável.
Esta sexta-feira é a vez de PJ Harvey e Brian Wilson. A atuação de Freddie Gibbs não se irá realizar por razões inesperadas, alheias à organização do festival.
Fotografias ambiente: Rita Sousa Vieira
Fotografias concertos: Hugo Lima
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