Sábado à noite, Musicbox no Cais do Sodré, Lisboa. Parecia um típico dia na Rua Cor-de-Rosa, como tantos outros que ali se viveram. Ouviam-se pessoas a rir, a conversar, a andar um pouco sem rumo em busca de um bar onde pudessem fixar-se. Outras pessoas havia que já tinham planos: Jameson Urban Routes, o festival indoor (entenda-se um festival organizado por um bar/discoteca) regressara ao Musicbox. Já no terceiro dia, contámos com Inga Copeland, Andy Stott e Gustavo, sendo que o maior ênfase estava direcionado aos portugueses PAUS.

PAUS

O grupo, que conta com Joaquim Albergaria e Hélio Morais nas baterias, Fábio Jevelim no teclado e Makoto Yagyu no baixo, tomou o palco de uma casa que tanto carinho lhes tem perto da meia-noite.

Perante uma plateia nitidamente expectante - para além da possibilidade de, lá fora, haver chuva, havia a possibilidade de sermos banhados com músicas do álbum que aí vem -, os PAUS apresentaram-se como sempre: tranquilos, comunicativos e cheios de energia.

A sala foi enchendo, houve referências por todo o concerto ao quentinho humano que se estava a criar enquanto a noite ia decorrendo. A banda estava tão à vontade com o público como vice-versa, pareciam conhecer-se há anos a fio e o acontecimento parecia já rotineiro. O novo disco - MITRA será o nome - está previsto para fevereiro de 2016, sendo que as gravações já estão a decorrer, mesmo com variadas pausas para concertos aqui e ali (como França, há uma semana). O estúdio criado pelos membros da banda - o chamado HAUS - tem sido o local privilegiado para as misturas e os ensaios.

PAUS

Houve quem não parasse de dançar, houve quem testasse o seu pescoço até não mais o sentir, o instrumental de PAUS não parava de rugir - e obrigou-nos a todos a tornarmo-nos leões. Estávamos, de facto, num universo alternativo, pois quem saía do Musicbox (ou quem por lá passava) não parecia fazer ideia festim que decorria. Aliás,  quem saiu para recuperar o fôlego reparou que tinha sido transportado para uma dimensão em que o caos já não imperava, mas sim a tranquilidade de uma noite não-tão-boémia-assim.

Desta forma se passou mais uma noite de um festival que marca presença em Lisboa desde 2006. O Jameson Urban Routes encerra no próximo sábado, 31 de outubro, com promessas de regressar em força com novas tendências da música dali a um ano.