Os espetáculos serão distribuídos por Lisboa (30 de junho, 1 e 2 de julho no Teatro Tivoli BBVA), Viseu (3 de julho, Teatro Viriato), Porto (5 e 6 de julho, Coliseu do Porto) e Faro (8 de julho, Teatro das Figuras), e o SAPO Mag esteve à conversa com Gustavo Miranda e Andres Giraldo sobre o sucesso de bilheteiras nos palcos.
SAPO Mag (S.M.): Após três anos deste vosso “Portátil”, quais são as diferenças que conseguem identificar entre o momento em que começaram o espetáculo e o ponto em que estão agora?
Gustavo Miranda (G. M.): Eu estou aqui preocupado, com medo de não te entender. Isto é português de Portugal, eu acabei de chegar e sou colombiano (risos). Quanto à tua pergunta, sim, há diferenças. Pelo facto de ser improvisado, é sempre diferente. Depois, o facto de o fazermos há três anos também o torna diferente, pela quantidade de cidades que visitámos e pelo convívio entre nós. Pela quantidade de histórias que já ouvimos e interpretámos, tudo faz com que o espetáculo mude. Nós não nos queremos repetir, queremos fazer coisas diferentes. Às vezes alguém conta uma história parecida com uma que outra pessoa já contou, e pode-se tornar um pouco repetitivo. Vir para Portugal faz com que o espetáculo seja completamente diferente, porque o público é outro e as experiências são outras. Por outro lado, o elenco é diferente desta vez, nunca fizemos este espetáculo os cinco.
S.M.: Que tipo de preparação é necessária para um espetáculo como este?
G. M.: Pelo facto de ser um espetáculo de improvisação, ele tem uma preparação especial. Aceitação, escuta, trabalho em equipa, ação-reação, trabalhar sempre para o outro. Todos os elementos que fazem da improvisação uma ferramenta, uma técnica. O espetáculo é feito para atores de improvisação, mas passa sempre por certos pontos que nós já sabemos: a infância, o presente, e chega até ao sonho. Temos de fazer esse caminho. É mais do que um trabalho de improvisação, também temos um trabalho de atuação. Como é que eu interpreto a mãe ou o pai da pessoa que está a falar? É preciso ter um cuidado e delicadeza grandes, porque não queremos gozar com a pessoa. Queremos antes homenageá-la, por isso precisamos de preparação tanto para improvisação como para ator.
S.M.: Como é ter o César Mourão em palco convosco?
G. M.: É incrível! Ele é um grande ator e um óptimo improvisador. Ele é muito bom e encaixa perfeitamente no espetáculo, tem muita experiência e é muito simpático. Ele já não é um substituto, ele é um membro a mais na peça. É divertido, uma vez que ele traz outras referências culturais que nós não temos, lugares, nomes, pessoas, palavras, coisas que nós não entendemos. Os brasileiros ainda entendem algumas coisas (risos), mas o César tem muito talento.
S.M.: Como é conjugar este vosso projeto com os restantes?
Andres Giraldo (A. G.): São precisos muitos horários e muita organização. Eu treino muito a parte musical, porque o “Portátil” tem uma dinâmica muito diferente dos meus outros projetos pelo facto de serem mais curtos, ou seja, não dá para criar uma música comprida. No “Portátil” já dá para fazer músicas mais compridas, especialmente porque no formato deste espetáculo nós cantamos numa certa altura. Nós criamos uma canção de acordo com a história que estamos a contar, e ajustamos os nossos treinos conforme o género musical e quem vai cantar.
S.M.: És tu quem mais desenvolve a parte musical deste espetáculo. Qual foi a história que te deu mais satisfação de usar no teu arranjo musical?
A. G.: A história que mais me deu mais inspiração para falar aconteceu no Brasil. Sabes que eu sou colombiano... Aquela era uma história de alguém que veio do Sertão e que lutou bastante para chegar a São Paulo, e isso fez-me lembrar muito da história colombiana, da minha terra e das histórias dos meus avós. Isso deu-me muita inspiração e nessa mesma altura estava a começar a aprender alguns géneros brasileiros que desconheço, daqueles mais típicos do nordeste, e acabámos mesmo por tocar um forró.
S.M.: Se tivessem de dar um cognome a cada um dos vossos colegas em palco, qual seria?
G.M. : Interessante (risos). O Gregório seria o “Pequeno Génio”; o João seria a “Criança Feliz”; o César seria “A Surpresa Portuguesa” e o Andres, o nosso músico que está aqui à frente, e por isso é mais difícil (risos), acho que seria o “Fofo Colombiano”. O meu vou deixar para a plebe fazer a sua parte (risos).
A. G.: O Gustavo? Hum... “o Dramaturgo Cabeção” (risos).
S.M.: Se apenas pudessem escolher um objeto portátil para andar convosco, tal como o nome do vosso espetáculo, qual seria?
G.M.: Que pergunta boa e difícil... Os sapatos. Se pudesse escolher um objeto para andar na rua, acho que convém escolher os sapatos. Agora toda a gente está a gozar comigo por causa dos sapatos, acho que é melhor mudar para cuecas (risos).
S.M.: César Mourão tem o seu jogo, “Rebenta a Bolha”, que vocês já experimentaram. Se tivessem de inventar o vosso próprio jogo, qual seria e que nome lhe dariam?
A. G.: Nossa, que pergunta difícil! Eu criava um jogo musical, de géneros musicais de Portugal, de fado. Mas o nome, hum… Não sei… Talvez “A Roleta Musical”.
S.M.: É hora de jantar em Portugal. Digam-me onde querem comer, o que comem, e qual a música de fundo.
A. G.: Tenho a certeza que iria comer um bacalhau com natas em Lisboa, porque é muito bom. Como música de fundo estaria a ouvir um fado. Podia ser cantado pelo César. (risos)
S.M.: Qual a história que mais vos marcou em palco?
G. M.: Uma das histórias que mais me emocionou foi a história de um menino que se mudou com a família e se separou do seu melhor amigo, e nunca mais o voltou a ver. Após o espetáculo arranjámos uma maneira de ele se voltar a encontrar com o amigo e cumprir o seu sonho. No final ele subiu ao palco a chorar e a dizer que nunca pensou que se pudesse reencontrar com o seu amigo. Foi bem bonito, emocionante.
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