A iluminação e os jogos de luzes durante um concerto ajudam a criar momentos que marcam o público. No Rock in Rio, criar um ambiente que abrace os temas é um dos objetivos principais, para que os espectadores e os artistas tenham a melhor experiência possível.
Para a organização do evento de música e entretenimento, a iluminação é um dos pilares dos espetáculos. E é assim desde 1985, ano em que se realizou a primeira edição - o Rock in Rio Brasil foi o primeiro festival a iluminar a plateia.
"O Rock in Rio foi o primeiro festival a iluminar a plateia, porque sempre soubemos que vocês são a alma do espetáculo. Em 1985, o sistema de iluminação do Rock in Rio consumiu quatro meses de trabalho e 144 refletores somente para iluminar a multidão que lotava a Cidade do Rock. Hoje em dia não parece grande coisa, mas na época o feito foi tão vanguardista, que foi preciso explicar o conceito às bandas, que nunca tinham dividido seu brilho", explicou, em 2017, a organização.
"O público, até então mero espectador, deu o seu próprio espetáculo e produziu momentos que marcaram a história", acrescenta.
Mais de 34 anos depois, a iluminação continua a ter um papel principal no Rock in Rio. Para que o espetáculo de luzes surpreenda o público e os artistas, em 2015, a organização desafiou Terry Cook a criar algo novo e diferente. O britânico da empresa Woodroffe Bassett Design (WBD), que conheceu o festival durante a digressão dos Rolling Stones, que passou pelo Rock in Rio Lisboa, aceitou o convite e, todos os anos, junta-se à equipa do evento.
"Sou o Light Designer do Rock in Rio e trabalho para a empresa Woodroffe Bassett Design, uma empresa especializada em iluminação. Com a minha equipa já fiz a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, digressões dos Rolling Stones, AC/DC, Rammstein, Ozzy Osborne, Adele, Phil Collins ou Elton John, por exemplo. Temos uma grande ligação com as bandas de rock e, em 2014, fomos com os Rolling Stones até Lisboa", começa por lembrar em conversa com o SAPO Mag nos bastidores do Rock in Rio Brasil, no Rio de Janeiro.
"Depois, o Patrick Woodruff, famoso Light Designer, disse-me que tinha falado com a Roberta Medina", recorda. "Nunca tinha visto nada como o Rock in Rio. Então, aceitámos ir trabalhar para Las Vegas, para o Rock in Rio USA", acrescenta.
Nos bastidores do Palco Mundo da Cidade do Rock do Rio de Janeiro, Terry Cook e a sua equipa trabalham numa sala fechada, completamente preta, e onde há apenas ecrãs gigantes e algumas mesas para controlar a iluminação. É aí que é programado todo o alinhamento de luzes para os vários palcos do Rock in Rio - "Durante o dia, como há muita luz, fazemos os testes e montámos tudo nesta sala. À noite é que ficámos à frente do palco a controlar tudo", revela.
"Aqui no Rock in Rio organizei e preparei todos os pedidos dos artistas. Temos reuniões com eles para sabermos tudo o que querem e para discutir alguns problemas que possam vir a existir", explica. "É um software de computador que nos permite criar todos os jogos de luzes. Fazemos tudo nesta sala e depois temos de transferir tudo para o mundo real, quando as bandas sobem a palco. É um sistema de computador quase mágico", frisa.
Para Terry Cook, da Woodroffe Bassett Design, o maior desafio de trabalhar no Rock in Rio é a "velocidade do trabalho". "Acordo às 9h00 e às 11h00 estou no recinto. Antes das portas do festival abrirem, entre as 11h00 e as 14h00, organizou a agenda e respondo a e-mails. Depois, dou uma volta pelo festival para garantir que todas as pessoas da equipa estão felizes e para verificar que os equipamentos estão a funcionar. Entre as duas e as quatro da tarde tenho uma pequena paus e aproveito para dormir. Quando o sol de põe, vou para a frente do palco e começo a trabalhar com as bandas", resume em conversa com o SAPO Mag.
"É cansativo mas é incrível ver tudo isto. Tenho muita sorte porque é um trabalho que adoro. É fantástico ver todas as pessoas a trabalhar à minha volta - não importa o idioma ou a nacionalidade, todos trabalham juntos e é incrível", sublinha o britânico.
Na edição deste ano do Rock in Rio Brasil, Terry Cook já trabalhou, por exemplo, com Drake, Bon Jovi, Panic! At The Disco, Ivete Sangalo, Foo Fighters e companhia. "A maior parte dos artistas internacionais são já meus amigos", lembra. "Por exemplo, há muitas pessoas da equipa dos Muse [que atuam no último dia do festival] que conheço há 10 anos", acrescenta.
Apesar do Rock in Rio Brasil, no Rio de Janeiro, ainda não ter chegado ao fim, Terry Cook e a sua equipa já começaram a pensar na edição de 2020, em Lisboa. "Começámos a projetar Lisboa cerca de oito meses antes. Trabalhamos com toda a equipa do Rock in Rio. Ajudar a construir o palco e ajudar a projetar o visual de todos os espaços é incrível", conta.
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